Vocês sabem. O que é inevitável acaba sempre por acontecer!
Eu e a Andreia começámos a
sair novamente, os tios regressaram a casa deles, e a coisa estava a compor-se.
Mas ai do homem que julga que uma mulher se esquece de alguma coisa. Está
desgraçado. E eu estava desgraçado em dose dupla, e nem sequer sabia.
Como se estivessem
combinadas, no mesmo dia a Sónia perguntou-me “E a tua amiga? Quando é que eu a conheço?”, e poucas horas depois a Andreia perguntou-me “E
quando é que me apresentas a tua ex?”. É que eu já não me lembrava de
nada. Juro!
Deixei passar. Burro!
As duas, ao notarem o meu
silêncio, apertaram o cerco. E eu farto de estar tanto em casa como no trabalho
a ouvir o mesmo, disparei para as duas ao mesmo tempo uma sms: “Sábado
ao jantar. Pode ser?”
Não é que as duas me enviaram o mesmo como resposta? Um Smile. Um
desgraçado de um boneco amarelo sorridente!
Sim. E é verdade que fiquei Amarelo
ao ver o boneco, e se tinha um sorriso na face, era bem amarelo. Mas no fundo
concordo. O Smile era mesmo muito apropriado para esta ocasião.
Disse logo para mim que ali havia história! Mas também podia ser a minha mania da perseguição a manifestar-se....
Claro que era a minha mania
de perseguição a funcionar. Mas ela já me tinha alertado bastas vezes e com
razão. Mas por vezes não lhe ligava pevide.
E se tinha enviado a sms na
quarta-feira, dei por mim sábado de manhã sem ter nada pensado nem preparado.
As duas donzelas eram minhas convidadas e eu tinha de fazer tudo (mesmo tudo).
E nem sequer ideia do que ia cozinhar (ou comprar feito).
Confesso que fiquei nervoso.
A Sónia andava por casa mais que meio despida, e pelos olhares dela só assim estava para
me provocar, mesmo para eu lhe dizer “Mas tu não te vais vestir? Queres que a moça
chegue e te veja nesses preparos?” Resisti ao máximo e só lhe disse isso umas três ou
quatro vezes!
E ela, feita dondoca, sentava-se
no sofá dizendo “Já vou…”.
Foi só ao cair da noite que a
campainha tocou, e eu e a Sónia já estávamos todos aperaltados, e fui logo
acender as velas. E depois abrir a porta.
E não era a Andreia!
Era um tipo todo cheiroso e
bem vestido, com um enorme ramo de flores na mão, a perguntar se ali era a casa
da Sónia. Disse que sim e ao avistar a
Sónia, esgueira-se e entra em minha casa, sob o meu mais atónito olhar.
Vou à sala e vejo que em vez
dos três lugares na mesa que tinha tido tanto esmero em arranjar, estava colocado mais um!
De súbito a Sónia agarra-me
os ombros por detrás e diz baixinho “Surpresa”.
E antes que pudesse pensar,
agir ou dizer algo, a campainha toca novamente, e nesse instante juro que pensei no logo livro “O
Hobbit”, na cena em que o Bilbo recebe sucessivas visitas de inúmeros anões.
Mas para meu grande alívio, desta vez era
mesmo a Andreia.
Abracei-a carinhosamente e
disse-lhe ao ouvido “A Sónia trouxe um tipo que deve ser o
namorado dela. Eu não sabia de nada e ainda nem mo apresentou”.
Ao que
ela me respondeu, também ao ouvido...
- Eu sei…
fim do capítulo I
(continua)
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