O significado da palavra “Amor” mudou. Tornou-se uma palavra popular, quando antes era seleta. Agora é dita por todos e a todo o momento, quando antes esta só era dita a pessoas realmente especiais, e em ocasiões excecionais.
Sim, é verdade. A palavra “Amor”
tornou-se vulgar e banal. “Amamos” a nossa série favorita, o nosso clube, os
nossos amigos e os nossos familiares. Antes “gostávamos” ou “gostávamos muito”,
mas agora já não gostamos, nós “amamos”.
Como não foi criada outra palavra
para definir o sentimento de “muito mais do que gostar”, a palavra “Amor” está ainda em vigor. Só não sei
por quanto tempo é que esse superlativo vai continuar a liderar as cotações das frases românticas.
Tal e qual como a inflação come o nosso
poder de compra, com o dinheiro a valer cada vez menos, a importância da palavra “Amor”
tem decrescido ao longo dos tempos, e agora vale realmente muito pouco.
Antes “gostávamos” dos amigos, tínhamos “paixões” fortes e passageiras, e “amávamos”
o/a consorte. Tudo isso é passado para o léxico atual. Agora “Amamos” todos, sejam eles familiares,
consorte, amigos, animais de estimação e músicas. Acabou o “gosto”
ou a “paixão”. É só Amor!
Foram criados os diversos “Tipos de Amor”, como sejam o Amor incondicional, o Amor condicional, o Amor passageiro, o Amor rápido, o Amor lento, o Amor platónico, o Amor clubístico, o Amor um bocado falso, o Amor quase quase, entre outros.
E tipificaram-se os “Amados”,
agrupados pelos diversos destinatários, sejam eles os
familiares, o/a consorte, os amigos, o treinador e jogadores do clube favorito,
Deus, Anjos, e assim por diante, numa mole imensa de pessoas e coisas.
Somados os “Tipos de Amor” com os “Amados” surge uma “Pirâmide do Amor”, em que no topo fica, por exemplo, o Amor incondicional aos familiares, ou ao clube do coração, e que acaba no amor foleiro, que aparece e desaparece numa noite bem bebida...
Assim, o Amor não desapareceu, apenas se transformou, popularizou-se, banalizou-se, é de todos e para todos, e não é só para alguns, poucos, eleitos, como dantes. É só mais um sinal dos tempos.
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