quarta-feira, 30 de maio de 2018

DARK SOULS 6 Rita II

Com a chave que o Joaquim me tinha dado, abro a porta do prédio, com o guarda Abel, já de arma na mão, a seguir-me de perto.
Tinha-lhe explicado que o meu namorado estava em perigo, e apenas lhe omiti que tinha obtido essa “informação” através de um sonho. Acho que se tivesse dito isso, decerto seria eu a acompanhá-lo, à esquadra mais próxima….
Subimos sem ruído os degraus até ao quarto andar, não recorrendo ao elevador, pois faria muito barulho.
O guarda Abel ia à frente, de pistola em punho e com o cano virado para cima, como nos filmes. Aliás, ele estava a parecer um bocado teatral. Mas como não tinha melhor, este teria de servir.
Eu ia logo atrás dele, empurrando-o de vez em quando, pois ele, em vez de subir os degraus de seguida, a cada esquina parava e olhava.
Vá, ande rápido!”, dizia-lhe eu, empurrando-lhe as costas e incitando-o para ir em frente. “O Joaquim está em perigo de morte!", sussurrava eu, com os nervos.
De repente, o guarda Abel levanta a mão em sinal de paragem, e virando-se para trás, pergunta: “Mas afinal o que é que vamos encontrar lá em cima?
Olho para ele com cara de poucos amigos e sem paciência para parvoíces, digo-lhe “Não sei. Lá em cima veremos. E agora ande lá depressa antes que se dê uma tragédia.
Obviamente a resposta não agradou ao guarda Abel que, com cara de incrédulo fez sinal para que descêssemos as escadas.
Contrariada, acedi e desci alguns degraus. Reparei que o guarda Abel tinha colocado a arma no coldre e se tinha colocado ao meu lado.
Parecia que o meu acto heróico se estava a desvanecer, e que tinha de contar a verdade ao polícia.
E para começar, o melhor era ligar para o Joaquim para saber se ele estava ou não em perigo, ou então se estava a dormir. Ou a curtir a noite.
Num repente, viro-me e subo as escadas rapidamente. ”PARE!” disse ele, em surdina. Mas eu não parei…..

terça-feira, 29 de maio de 2018

DARK SOULS 5 Marta I

Aqui estou eu, sentada no escuro, a meio da noite, com uma faca afiada na mão, pronta para a usar!
Sinto que nasci para o que vou fazer. E vou fazê-lo. Sem remorsos nem hesitações.
Pensamentos destes enchem-me a cabeça e incitam-me para fazer algo que me repugna. Sinto vontade de vomitar só de pensar nisso.
Encolho-me mais um bocadito, mas nesse movimento sinto que a mão direita aperta com mais força o cabo da faca, até os nós dos dedos ficarem translúcidos.
Tinha entrado em casa dele horas antes, com a firme decisão de o matar. Mas agora, a parte da minha alma frágil e delicada estava, aos poucos, a dominar.
"Eu fiquei completamente destroçada quando ele me disse que estava a gostar muito de outra mulher." Passei a odiá-lo e a amá-lo ao mesmo tempo. E esta divisão mantêm-se no meu coração, pois tenho uma faca na mão e lágrimas nos olhos.
Como sou tola. Não devia ter tomado esta decisão. No fundo não quero fazer nada disto.” Mas reparo que a minha mão se recusava a largar a faca.
Dedico a minha atenção à mão, e lentamente dou-lhe ordens para que largue a arma letal, mas ela não obedece. Fico assustada. “Estarei completamente louca???
A minha mão esquerda tenta separar a faca da outra mão, mas não consegue. Parecia que o cabo da faca era uma extensão da mão.
Larguei-me a chorar baixinho, e aos soluços. Afinal parte de mim quer mesmo fazer-lhe mal.
Senti que a parte da minha alma boa não tinha poder nenhum quando o mal tudo domina. E senti-me capaz de morrer.
E se????” Era um dois em um e acabavam-se os sofrimentos todos de uma vez. “E lixem-se os que cá ficam!
E fortalecida por este novo e perverso sentimento, fiquei estranhamento aliviada por, afinal, não ter largado a faca. “Sim, é isso mesmo! Vamos lá a isso!
E lentamente começo a colocar-me em posição, como uma pantera antes de atacar….. 

quarta-feira, 23 de maio de 2018

DARK SOULS 4 Abel I

Mas que raio é isto? A que velocidade é que este vai? Julga que está numa corrida de Fórmula 1 ou quê?
E ao mesmo tempo que aponto o medidor de velocidade portátil do carro-patrulha, começo a perseguir o Golf cinzento claro pela via rápida.
A 183 quilómetros hora, numa via em que só pode circular a 80? Só pode estar a brincar!
E sem assinalar a perseguição nem com luzes nem sirenes, persigo o Golf a toda a velocidade, sentindo que poderia haver nessa pressa algo muito estranho.
Na perseguição, reparo com espanto que o Golf é dirigido por uma mulher, o que me deixa mais cauteloso.
De repente, a condutora deixa a via rápida e dirige-se para um sossegado bairro, retomando uma velocidade legal. Eu, ao verificar que ela está prestes a estacionar, encosto o meu carro em segunda fila, pronto para a abordar.
Ao encostar a minha viatura e sem nada que o faça o prever, ouço um grito estridente. Dado não haver mais ninguém na rua, depreendo que é a condutora, e saio da viatura, apressadamente:
Mas que se passa, minha senhora? Porque grita desta maneira? Olhe que vai acordar o bairro inteiro!
A condutora olha para mim e grita ainda com mais vigor, assustada pois decerto não devia estar à espera de ser abordada na rua, àquela hora da madrugada.
Mesmo com a minha já longa experiência como polícia, confesso que fiquei sem saber o que fazer ou dizer. Surpreendido, nem reagi!
A mulher, ainda a gritar, atravessa a correr a rua e dirige-se para um prédio, sempre a olhar para mim, receosa, tremendo toda.
E eu penso “Se vou atrás dela começa a gritar ainda mais alto. Vou-me embora! Vou notificá-la por escrito pelo excesso de velocidade e acabo aqui a história!
Ao dirigir-me ao carro-patrulha, reparo que os gritos tinham cessado. Curioso, voltei a cabeça para onde a senhora deveria estar, mas ela já estava atrás de mim.
E ela, agarrando-me pelos ombros e abrindo muito os olhos, disse-me:
SR. GUARDA, PRECISO DE SI. E JÁ!

segunda-feira, 21 de maio de 2018

DARK SOULS 3 Rita I

Acordo de súbito como se tivesse emergido do fundo do mar, a absorver todo o ar que podia. Estava a sonhar com o Joaquim e ele estava em grande perigo.
Apalpo a mesinha de cabeceira em busca do telemóvel e verifico se há mensagens. Nada.
Percorro as aplicações de mensagens das redes sociais e de comunicações. Porque será que há tantas? Só me fazem perder tempo.
O meu cérebro racional manda-me adormecer novamente, mas o mais primitivo é que manda, e ordena que siga o meu instinto.
O JOAQUIM ESTÁ EM PERIGO!
Ligo-lhe de imediato e de imediato desligo. Se ele estiver em perigo, o toque do telemóvel ainda o poderia colocar ainda pior, penso.
Decido ir ter com ele, mesmo sabendo que estou no meio da noite e que ele mora do outro lado da cidade, que não é pequena. Mas ele merece.
As minhas roupas devem ter ganho vida, pois sem ter dado por isso estava vestida e pronta para sair. Encho o peito de ar e saio de casa.
Seja o que Deus quiser!”, digo baixinho. E entro no elevador, em direção à garagem.
No caminho para casa do Joaquim, ignorando o trânsito quase inexistente, começo a pensar no que lhe iria dizer.
Vim ter contigo a meio da noite porque tive um pesadelo horrível em que estavas em perigo, e por isso não te podia telefonar! Hum, Mais vale dizer-lhe que quero passar a noite com ele!
Assusto-me com a falta de coerência, lógica, tino, seja o que for, daquilo tudo! “Mas que raio estou eu a fazer?
Travo o automóvel, pronta para voltar para casa quando reparo que o meu “piloto automático” já me tinha colocado na rua onde ele mora. Resolvo não regressar a casa.
Estaciono em frente ao prédio dele, mas ao fazer a manobra de marcha atrás, bato de leve num cão, que gane baixinho. Mas eu, ao sentir o toque, e já com os nervos à flor da pele, fico assustada e grito. Grito estridentemente!

segunda-feira, 14 de maio de 2018

DARK SOULS 2 Joaquim II

Com o susto decorrente da visão da sombra, fico hirto e firme, não me atrevendo a mexer um único músculo, enquanto um frio gelado percorre-me a espinha, de cima a baixo.
Vejo o silêncio a ganhar vida, e todo o meu corpo está atento a todo e qualquer ruído, como se direccionado num único sentido.
Afinal as sombras lá de baixo não me estavam a ameaçar, mas sim a alertar do perigo, mesmo aqui em cima…
Penso na vida que tenho, que tive, que quero ainda ter, nos meus entes queridos e naqueles que queria que o fossem.
Fecho os olhos com força e nem sei porquê. Talvez para ouvir melhor, sentir melhor, reagir melhor ao embate. Que não surge…
Fecho os olhos com força e já sei porquê. Porque tento fazer que o medo desapareça, que a sombra que se move que se afaste.
O silêncio continua vivo e viçoso, não permitindo que nenhum som escape das suas garras, e eu começo a sentir os meus pelos da nuca a eriçarem-se.
Sinto o perigo a aproximar-se, sem indícios, sem som, sem movimento. Apenas o sinto e cada vez mais próximo.
E fecho os olhos ainda com mais força, desta vez para ver com a alma e com o coração. Sinto o mal a aproximar-se e sei que nada irei fazer.
Quando já me sinto baquear, ouço um barulho de gritos estridentes na rua e abro os olhos, mas não me volto, com medo.
Sinto que o perigo que me ameaça também escutou os gritos e que também parou a sua aproximação.
Não me reconheço, pois nunca tive medo de nada! Mas hoje, e logo hoje, sinto-me estranhamente vulnerável a essa perigosa doença.
E a realidade é que tenho uma ameaça dentro de casa e não tenho coragem de a enfrentar.

Fecho os olhos com muita força, ignorando os gritos estridentes que continuam lá fora!

quinta-feira, 10 de maio de 2018

DARK SOULS 1 Joaquim I

Escurece e vejo as sombras a galgarem os passeios, importunando os incautos transeuntes, que de soslaio evitam encarar tais negrumes.
Estou completamente só na longa noite escura, e atento a tudo, especialmente aos movimentos ou sons que apenas no negrume conseguem existir.
Sob o céu chumbado que me cobre nada parece se passar, mas tenho a sensação que bandos de conspiradores se aglomeram atrás de cada esquina ou porta fechada de prédio.
Estou só na noite como na vida, observando, sorvendo o que se passa apenas pelo tacto, pelo cheiro, pelos sons, pois a visão de pouco ou nada serve.
Ali, na noite escura e tenebrosa, parecem irreais e longínquas as imagens de praias com areias douradas, águas tranquilas e pejadas de sol.
Sento-me na beirada da janela, olhando para baixo, para os seres vivos que fazem da noite o que é, prevendo as suas acções, os seus intentos, os sons e movimentos daí resultantes.
Estudo a noite como se esta fosse algo palpável, vivível, previsível, como se esta possuísse vida, alma, querer e vontade própria.
Recolho-me para a minha própria escuridão, pois as sombras ameaçam-me lá de baixo, por não gostarem de ser observadas.
Não me importo de deixar de ver as sombras da noite, pois por vezes são muito perturbadoras. Prefiro a minha escuridão, a sua serenidade e silêncio.
As minhas sombras não galgam passeios nem importunam ninguém, e apenas se escondem de mim por vergonha e timidez.
Antes de fechar os olhos à escuridão, sou atraído pela Lua branca que me banha a face, e lembro-me do uivo dos lobos. Como eu os compreendo….e invejo!

De súbito, pelo canto do olho, noto uma sombra a ganhar vida, algo inimaginável no recato da minha própria casa!