Assusta-me o silêncio
da minha voz interior. Porque terá desaparecido? Estará zangada comigo? Voltará algum
dia? Ela que volte, pois preciso tanto dela.
Os meus sonhos já tinham desaparecido
há muito, e assim tudo o que me é íntimo
desapareceu. Sinto-me um expatriado no meu próprio mundo!
Limpo o suor com uma toalha e olho-me
ao espelho. Não me reconheço, de tão
transfigurado.
Estou assim desde que a Carla acabou o
nosso relacionamento. Não sei se a ela lhe acontece o mesmo, mas duvido. Sempre foi
uma filha-da-mãe fria, mesmo gelada, e o mais provável é que durma serenamente. E que já nem lembre de mim.
Sentem que a vossa cara metade é a “mulher
da vossa vida?” Se sim, são uns verdadeiros sortudos. Agora imaginem como ficavam se ela, de súbito, desaparecia.
A Carla era a luz da minha vida, e eu seria capaz de fazer tudo por ela. E aquela cabra, apesar
disso – ou talvez por isso – deixou-me.
E não consigo deixar de imaginar que ela pode ter voltado para os braços do seu ex, o tal que tanto
a destratou durante anos.
Não consigo perceber as mulheres, mas é sabido que nenhum homem jamais percebeu uma mulher. Não sei é
se a culpa dos homens, das mulheres, ou de ambos. Mas é um facto.
A Carla deixou-me, como despedida, um papelito em cima da mesa da cozinha, a dizer “Adeus”. Seca, fria, insensível. Perante isto, perdi até a vontade de lhe ligar e de perguntar: "Porquê?". Eu podia não gostar da resposta.
Não tenho voz para lhe fazer
serenatas, nem feitio para lhe
enviar mensagens lamechas, de aparecer no trabalho dela com um ramo de flores e
bombons. Se calhar faço mal. Podia ser que assim ela voltasse.
O que me está a acontecer é igual à
letra da canção “Amar pelos Dois”, do Salvador Sobral. Ele retrata tão bem
que sinto que já lhe aconteceu. “Meu bem, ouve as minhas preces. Peço que
regresses, que me voltes a querer”.
Volta Carla, por favor volta, não sabendo tu que jamais te perdoarei por me teres deixado.
Volta Carla, volta, para ficares eternamente arrependida de teres deixado com quem
estás agora.
Volta Carla, que eu estarei aqui à tua espera, de braços abertos. E
eternamente teu!
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