quarta-feira, 22 de março de 2017

EU SEI - IVO Capítulo I (6 de 8)


Nessa noite, quase a cerrar os olhos pesados de sono, dei-me conta de estar a pensar no episódio. E sorri.
Sorri verdadeiramente, pela primeira vez em meses! E sorri ainda mais por isso. Adorei aquele olhar. Queria mais!
No fundo sempre soube que não tinha vocação nenhuma para ser Frade!
Eu estava vivo e bem vivo e sabia agora que a Sónia não era a última batata do pacote. Longe disso.
No entanto chegava-me aos ouvidos que a Sónia andava a cair nas graças de todos os disponíveis das redondezas, mas sem cair nos braços de nenhum.
Rapariga Esperta!
Entretanto eu já tinha saído várias vezes com a Andreia (a tal colega dos olhares). E estava já caidinho por ela. E julgo que ela está caidinha por mim.
Rapaz Estúpido!
Sem sequer desconfiar que a Sónia sonhava que eu estava com um “caso”, andei a recuperar o tempo perdido com a batina.
A Andreia era uma mulher fantástica, achava eu, e nem sei como, mas por vezes até já nem me lembrava da Sónia.
Mas quando eu (e com alguma frequência), comecei a chegar a casa mais tarde que a Sónia, um dia fingindo apenas estar a ver televisão, atirou-me, “Então, eu conheço a moça?
Um friozinho percorreu-me a espinha de cima a baixo. “Do que estás a falar?” respondi.

Mas com tanto engolir em seco nem sequer eu acreditava em mim próprio, quanto mais uma mulher esperta como a Sónia.
Ela riu-se da minha atrapalhação. Mas foi um riso estranho, forçado.

Eu, sentindo esse engasgar, encarei-a e disse “Noto algo diferente em ti. Serão ciúmes? Estás incomodada, Sónia? Estás?
Ela nem se me dignou a responder, e levantando-se do sofá foi para o seu quarto, batendo a porta.
Eu sorria, triunfante. Triunfante e Estúpido!
Eu e a Andreia volta não volta iamos para casa dela aos finais de tarde.

Um dia a Andreia disse-me que os tios dela vinham passar uns dias à casa dela, e por isso os nossos encontros de final de tarde tinham de ser noutro local… Sim, adivinharam, para minha casa!
A minha mente disparou logo. Ou dizia que sim e depois arranjava uma desculpa qualquer à última da hora, ou dizia logo a verdade. Foi o que fiz....
A Andreia primeiro ficou calada. Depois recuou e olhou para mim. Depois..... Explodiu!
Mas tu julgas que eu como gelados com a testa, Ivo?” gritou. “Tu vives mesmo na mesma casa com a tua ex?” perguntou incrédula.
“Diz-me, se eu estivesse a viver na mesma casa com um meu ex, o que pensarias tu, parvo de merda?”, explodiu, encarando-me com os olhos bem abertos.
Timidamente, respondi num tom que não enganava ninguém.... “Não, não pensaria nada de mal. É que eu confio em ti. Certo?”.
Errado. Não devia mesmo ter ido por esse caminho....

(continua)

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