segunda-feira, 29 de junho de 2015

Máscaras


Os atores gregos da Antiguidade utilizavam máscaras para que os espectadores pudessem ver qual o estado de espírito das respectivas personagens. Umas estavam a sorrir e outras estavam tristes. Os gregos antigos já sabiam que a vida era assim, sem lugar para o meio-termo.
O sim ou não, yin ou yang, bem ou mal, feminino ou masculino, positivo ou negativo são meros exemplos, mas significativos. O “talvez” e “deixa ver no que dá” são de evitar. As chamadas zonas cinzentas são temidas e evitadas por serem difusas e difíceis de interpretar. Nada como a clareza….

As culturas ancestrais acreditavam que a máscara dava poderes mágicos aos seus utilizadores. Estes ganhavam as propriedades do animal que representava. Deste modo, o seu utilizador ficaria com a força de um leão, a rapidez da chita ou a sagacidade da hiena. Assim, uma pessoa que estivesse triste, ao colocar uma máscara sorridente, ficaria alegre…. era tão bom que assim fosse….

As máscaras são bens preciosos. Permitem o fingimento. Permitem que os outros julguem que estamos a sentir algo que efectivamente não estamos. Podemos estar em êxtase e fingir que estamos no maior sofrimento. Ou o contrário. Podemos fingir até ser algo que efectivamente não somos. Como os banqueiros e administradores de grandes empresas que colocam máscaras de amnésicos e repetem até à exaustão perante as comissões do Parlamento “não me recordo nada disso…”.
As máscaras permitem o bluff, permitem o engano, permitem tudo, excepto… enganarmos a nós mesmos. Não mascaram a alma, os sentimentos. Apenas os tapam de olhares indiscretos, ocultam a realidade, por uns tempos.

Queremos mascarar tudo, e no final não mascaramos nada….. queremos enganar todos mas nem a nós o conseguimos fazer.

Então, para que servem mesmo as máscaras?

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Evolução



Como é sabido, os nossos corpos, mentalidades e sensações sofrem alterações substanciais ao longo das nossas vidas. Se esse facto é notório e visível no que respeita ao corpo, já a alteração das mentalidades e sensações é algo que tende a escapar mesmo a nós mesmos.

O meu cardápio foi durante muitos anos constituído por hidratos de carbono e proteínas. Dizendo melhor, massas, arroz e carne. Por mim o peixe podia ficar sossegado nas suas águas que se não me incomodasse, eu lhe faria o mesmo. A sopa também. De preferência a dar banho ao peixe....

A minha existência permaneceu assim alimentarmente estável e incorrupta. As minhas
bebidas de eleição sempre foram água, sumos, colas e cervejas premium. Claro que sabia da existência de "outras bebidas", consideradas mais nobres, mas por mais esforço que fizesse, não conseguia compreender o porquê da sua veneração, nem da existência de uma legião de adoradores.

Ao passar barreiras etárias, descubro com certo espanto que o meu palato estava a mudar. Já não exigia hambúrgueres e batatas fritas. Pior! Revoltava-se quando eu os impingia. À comida simples mandava-me passear. O meu palato estava pronto para a mudança. Eu não. Ainda.

O meu encontro com Baco surgiu, tal como algumas coisas na minha vida, bastante tardio.

Resumindo, com um grande amigo e após umas horas de trabalho, descubro que o melhor acompanhamento de umas pizzas congeladas era um simples.... JP Private Selection 2011, da afamada casa Bacalhôa. Isso dizia muito. Ou tudo.

Descobri aos poucos que vinho é cultura (acharia ridícula esta ideia há uns anos....), que é uma arte, que é uma ligação à terra, e que é, como ouvi no excelente filme Sideways (2004), "algo vivo".

Quem me conhece sabe perfeitamente que jamais faria apelo ao consumo de álcool.


Apenas faço um apelo a que libertemos as nossas sensações, deixando que nossas as papilas


 gustativas nos deliciem com o aroma e gosto de um bom vinho….

Bem dita evolução!



segunda-feira, 22 de junho de 2015

Procura Incessante

Sinto-me como os cavaleiros da Távola Redonda, que iniciaram uma busca importante, e que depois de muito tempo dedicado à causa, esta redundou em nada.
Procuro algo que não deve (ainda) existir. E mesmo que exista, não tenho capacidade de organização e principalmente de método para prosseguir com este propósito.
Quero uma aplicação informática que seja tudo num só: um calendário, um diário, um lembrete e uma folha de cálculo de gastos e receitas. E que seja seguro e que funcione em diversos dispositivos electrónicos.
Bolas que é demais. Não admira que não encontre!

Devo andar à procura de alguma muleta que me ajude na organização da minha vida, que me lembre do que tenho de fazer, que me lembre quem faz anos hoje, que me lembre do que gastei há duas semanas e que me lembre do meu estado de espírito naquele dia.
Eu sei que há um remédio para isso, e não tem nada de hardware nem de software: Memofante!