O tempo gelou naquele preciso momento!
A Terra deve ter ficado
parada durante uns bons segundos. Pelo menos a mim pareceu-me. A minha cara
devia ter ficado com uma expressão engraçada, pois ela, mesmo tentando não o
fazer, fê-lo: Sorriu.
Uma vaga de sentimentos estava
a assolar-me, carregando-me os ombros, que notoriamente baixaram sob o enorme
peso.
Entre o que devia e o que me
apetecia fazer e dizer a distância era ínfima.
Tanto me apetecia deixar-me cair e ajoelhar-me de dor como fez o
ex-treinador do Benfica Jorge Jesus no Estádio do Dragão, quando o Kelvin
marcou o tal golo, como apertar-lhe o pescoço pelo sorriso irónico.
O meu diabinho particular
lembrou-me que segundo o Tribunal de Relação de Évora apertar o gasganete não é considerada violência doméstica. Mas
sinceramente, apesar da provocação do sorriso, não me apetecia mesmo nada tocar-lhe.
E como me repugnava sequer
pensar em tocar-lhe!
Balbuciei então algo tão ininteligível, que ainda bem que ela não ouviu, pois entretanto tinha voltado à carga,
retomando o discurso.
É que aquela desgraçada ainda tinha mais para me dizer!
É que aquela desgraçada ainda tinha mais para me dizer!
Sentei-me. Podia ser que
assim ela não reparasse que as minhas pernas tremiam como varas verdes. Sou tão parvo.
Pus-me a pensar que se há
anos atrás as relações muitas vezes construíam-se por interesse de ambas as partes, agora estão completa e irremediavelmente assentes no Amor....
E assim sendo, quando algum
membro do casal anuncia que já não ama o outro, a única via possível é cada um
seguir a sua vida. E é assim a vida.
A conversa subsequente já não me
interessava. Estava feita. Sou um homem prático. Já nem a ouvia e nem a suportava
ouvir.
Ela continuou a falar como
se me quisesse ensinar algo, e só despertei dos meus próprios pensamentos
quando me estalou os dedos à frente da cara num ofensivo “Está aí alguém? Alô. Acorda”.
Afastei-lhe a mão com cara
de muito poucos amigos, e lancei-lhe “Mas resumindo, afinal quando é que te vais embora?”
Ao que ela respondeu com um grito “EU?”, e gargalhou.
“Eu não vou para lado nenhum. Tu é que vais, se quiseres”. E levantou-se. Aí sim, a conversa tinha terminado!
Ao que ela respondeu com um grito “EU?”, e gargalhou.
“Eu não vou para lado nenhum. Tu é que vais, se quiseres”. E levantou-se. Aí sim, a conversa tinha terminado!
E eu? Eu estava lixado com todas as letras maiúsculas! Todas juntas.
(continua)
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