Mas se a Sónia fazia vida de
solteira, saindo livremente, eu fazia
vida era de Monge, só fazendo o trajecto trabalho casa e casa trabalho. E se ela
rejuvenescia, eu definhava a olhos vistos!
Passou algum tempo.
Sinceramente nem dei pelo tempo a passar, pois os dias e as semanas sucedem-se
a um ritmo galopante.
Está cada vez mais quente,
convidando a sair de casa. Ou em casa a
andar mais despido…… Hum....Isto promete!
Nessa altura a Sónia raramente passava um
fim-de-semana em casa. E mesmo durante a semana por vezes não passava lá o serão....
E eu? Mantinha hábitos
semelhantes aos Monges Franciscanos. Só
faltava mesmo aprender Canto Gregoriano!
Já andava muito desconfiado que
a Sónia tinha um "arranjinho", pois quando estava quase sempre à mesma hora tocava o telemóvel, e ela tratava logo de se fechar no quarto, escapando por vezes o
ruido (delicioso) das gargalhadas dela.
E eu? Colocava uns headphones e ouvia Linkin Park até me ficar a doer a
cabeça!
Desde o principio houve um acordo (tácito) de
não levarmos ninguém lá para casa. Nunca o verbalizamos mas era óbvio que era isso
que ambos queríamos. Amigos eram frequentes lá em casa. Mais que amigos, não.
Confesso que quando a Sónia teve “a
conversa” comigo, julgava que se tinha apaixonado por outra pessoa, e
que mais cedo ou mais tarde iriam viver juntos e ela sairia lá de casa.
Aparentemente não foi isso
que aconteceu. E estranhamente essa situação deixou-me irritado durante
bastante tempo, pois uma coisa é ser trocado por outro homem, outra bem
diferente é ser trocado por coisa nenhuma!
Se os sentimentos da Sónia
por mim era um caso arrumado, já os meus por ela teimavam em não esmorecer, dando razão ao velho ditado “longe da vista, longe do coração”. É
que a via quase todos os dias! E como “o fruto proibido é o mais apetecido”…..isto
prometia eternizar-se.
Um dia por puro acaso reparei
no olhar atento de uma jovem colega.
Ela apercebeu-se que tinha notado que eu era o centro da sua atenção, e mudou.
Mudou de olhar atento para…. o de despir completamente o hábito de Frade
Franciscano.
Eu fiquei verdadeiramente escandalizado. Afinal, já quase que me sentia
um Homem Santo!
Eu acredito que deve haver algures
uma lei que proíba as mulheres giras como aquela, de lançarem olhares
pecaminosos a homens que escolheram a via do celibato. Ou coisa parecida....
Apesar disso devia ser pecado, caramba. E dos bem grandes!
(continua)
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