quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Sangue


Este texto não está relacionado com um qualquer episódio sangrento, género muito popular e inesgotável, e onde por vezes a realidade supera toda e qualquer ficção.
O Sangue a que me refiro é a Família. E esta, como sabemos, não se escolhe!
Um conhecido meu contou-me que a mãe dele diz ao marido dela (e pai do meu amigo) a frase "Tu a mim não me és nada, sangue são os meus filhos".

Ou seja, a esposa considera o marido (e pai dos seus filhos) como um Estranho. E essa simples frase fez-me compreender muitas coisas...
Na realidade, o que foi dito está inteiramente certo. Ele não é sangue dela. Nunca será. Mas colocar para sempre o seu próprio marido em plano subalterno a qualquer membro da família dela não tem lógica. Para mim, claro. Ele, pelo contrário, nunca lhe disse nada disso, pois considera-a família.
Nos casamentos católicos, o pai (ou quem o representa) desfila na igreja de braço dado com a noiva, e ao aproximar-se do altar, em simbolismo, entrega a mão da noiva no noivo, formalizando a transmissão. A partir desse momento, a família dela passa a ser o do seu futuro marido.
Mas desengane-se o noivo, pois em quase todas as ocasiões, foi apenas mera encenação, uma fachada. A Mulher nunca será dele, mas sim da Família.
Claro que esta postura, esta filosofia de vida, acaba invariavelmente por reflectir-se negativamente ao nível da convivência, do respeito e das opções do dia-a-dia, conscientes ou inconscientes. Em caso de dúvida, o Sangue prevalece.
Soube de um caso real, de um marido recém operado, que viu a sua a esposa viajar para o estrangeiro para ir tomar conta do cão do filho de ambos, que ia de férias. Ela não podia dizer que “não” ao Sangue. O ciclo repete-se. Vezes sem conta.
Para mim, Família é Sangue E quem está comigo! E declaro-me totalmente incompatível com o Tipo Sanguíneo acima descrito. É-me tóxico. Mata-me.
Com essas Filosofias de Vida não admira que esses pseudo-casais se separem, pois, na realidade, um nunca foi nem será nada para o outro!