sexta-feira, 30 de junho de 2023

A Caixa de Metal Vermelha

 

1.     A Caixa

Um Tesla azul aproxima-se silenciosamente de onde eu estou, e de dentro dele saem apressadamente dois indivíduos que, prontamente, se encaminham para o porta-bagagens, mas ao verificar que querem o mesmo, começam a esmurrar selvaticamente um ao outro, ali mesmo, sem sequer trocarem um insulto ou uma palavra sequer.
As pessoas que estavam nas redondezas afastam-se, sem quererem olhar para a carnificina que ocorre ali naquele momento. O homem que conduzia o veículo estava coberto de sangue, não se sabendo se era dele ou não, e parecia estar a perder o combate. O homem que foi conduzido, mais pequeno, parecia melhor lutador.
De repente e sem qualquer aviso, um Citroen de cor cinzenta, aproxima-se velozmente e atropela os dois lutadores. Do lado do passageiro sai em passo de corrida um individuo, que num ápice abre o porta-bagagens do Tesla, retira de lá uma mochila pequena e volta para dentro do Citroen, que num ápice desaparece nas ruas da cidade.
Os dois lutadores ficaram estendidos no chão, imóveis, enquanto as testemunhas, a medo, se aproximam, mais para saber se eles estavam mortos ou não. O sangue escorria pelo asfalto, e o silêncio total da cena só se quebrou com as sirenes das viaturas da polícia e das ambulâncias, que velozmente se aproximavam do local do crime.
Eu estava calmamente a tomar um cappuccino, quando tudo começou, e assim fiquei, a olhar para aquela carnificina, a pensar em que mundo estou, e o que pode levar as pessoas a fazerem o que acabei de presenciar. Via os polícias a perguntarem às pessoas o que tinham visto, mas aparentemente só perguntaram a quem não viu nada.
As ambulâncias lá por fim levaram os dois lutadores e no meio disto tudo só posso afirmar que nem um tiro foi disparado e que os ocupantes do Citroen cinzento conseguiram o que todos queriam, ou seja, levar uma mochila pequena do porta-bagagens do Tesla azul.
Passado um bocado, os polícias, o pessoal de emergência médica e os mirones foram-se embora. Só ficou o Tesla azul, que, por estar bem estacionado, e por ninguém ter dito nada aos polícias que os indivíduos atropelados saíram de dentro desse veículo, nem sequer se aproximaram dele.
Olhei em volta. Tudo calmo. Aproximei-me do carro sem despertar suspeitas. A um metro do veículo, abaixei-me, fingindo estar a apertar os meus atacadores. Olhei de novo em volta. Tudo em paz. Abri a porta do condutor e coloquei o veículo em andamento, silenciosamente.
Dei várias voltas só para me certificar de que não estava a ser seguido. Ninguém circulava nas ruas. Só eu. Encostei o Tesla numa rua cheia de vivendas e pus-me a ver o que estava dentro do carro. Nada de especial apareceu à vista, parecendo um carro alugado ou de alguém que era muito limpo.
Fui ao porta-bagagens e não estava lá nada. Fui mais minucioso e levantei vários compartimentos e num deles estava uma pequena caixa de metal vermelha, com aspeto de pesada e robusta. Para não perder mais tempo, resolvi não abrir a misteriosa caixa naquele local
Conduzi o Tesla até dentro de uma pequena mata, para quem pudesse estar a monitorizar não pensasse que algum dos moradores das vivendas à volta estivesse alguma coisa a ver com o desaparecimento desse objeto. Sai do veículo e limpei com extremo cuidado todos os vestígios da minha presença no veículo.
No meio da mata havia um pequeno monte rochoso, de onde eu poderia ver quem se aproximasse do carro, mas sem me poder ver. Não demorou muito para começar a ouvir vozes em volta do Tesla. Imaginei então que o veiculo estivesse com rastreador, e que a caixa de metal vermelha teria efetivamente muita importância.
O diálogo começou com sussurros, depois em tom normal e por último, desataram aos gritos. A coisa estava muito séria, mas das quatro pessoas presentes, só duas gritavam de raiva, e os homens do Citroen cinzento limitavam-se a pedir desculpa e a suplicar para um casal ter mais calma.
De súbito, dois clarões, indicando que tiros foram disparados, e ouvi distintamente dois corpos a caírem, como sacos atirados para o chão. Um dos membros do casal tinha morto os ocupantes do Citroen cinzento, em jeito de execução. Um silêncio brutal abafou todos os chilreados dos pássaros no final do dia.
Senti o perigo, neste tempo de drones, satélites e Air Tags. Precisava de fugir do meu esconderijo sem ser visto pelo casal. Deixei-me ficar mais um bocado, cada vez mais assustado. Passado uns momentos, vi o Tesla azul a afastar-se, na estrada, tendo abandonado o Citroen cinzento e os dois corpos.


2.     Eu, eu, e só eu

Olhei para a caixa de metal vermelha mais uma vez. Por causa dela, poderiam estar pelo menos quatro pessoas mortas. O que ela conteria? Qual o seu valor e para quem? O que eu iria fazer com ela agora? Eu já tinha retirado um veículo automóvel de um local de crime, sem justificação. O que poderia acontecer-me a mim?
De repente, apercebi-me que a caixa poderia conter resíduos radioativos ou doenças mortais. E que nas redondezas de onde eu retirei o carro, de certeza que havia camaras de vigilância, e que estas podem ser acedidas pela polícia, mas também o poderiam ser pelos assassinos ou por organizações poderosas. E perigosas.
Se a caixa contivesse algo perigoso para a minha saúde, precisava de me livrar rapidamente do objeto, e no próprio local de onde observei a execução, por baixo de umas tantas pedras pesadas, e envolto em trapos que por lá encontrei, coloquei a caixa de metal vermelha, com extremo cuidado.
Fui rapidamente para casa, não no intuito de lá me refugiar, mas sim de retirar tudo o que de importante lá estivesse, e fugir, antes que me pudessem detetar. Perto da casa, fiquei uns minutos a observar qualquer movimento suspeito. Nada, nem um som nem um movimento. Num caminhar falsamente casual, atravessei a rua.
No meu prédio, subi as escadas e fui para um andar acima do meu, observando e ouvindo. Passou bastante tempo, nem os vizinhos faziam barulho, o que achei estranho, pois estes costumam ser mais barulhentos. Talvez fosse dia de silêncio e de recolhimento no edifício, e nem me disseram nada.
Confortável com o silêncio, estava prestes a descer os degraus da escada para entrar em casa, quando vejo a luz do átrio de entrada a acender automaticamente, sem ter ouvido nenhum som. Mas se o detetor de luz foi ativado, alguém tinha entrado no edifício, e sem querer fazer nenhum barulho, o que significava problemas graves.
A luz em cada piso foi ativada, à vez, sem se ouvir nenhum som. Quem quer que fosse, era profissional. E significava que eu estava em graves problemas, pois andavam atrás de mim, e eu estava nas escadas, a ser perseguido por um profissional da matança. E não adiantava nem ir mais para cima nas escadas nem ir, obviamente para casa.
Rezei em silêncio. Confessei os meus pecados. Arrependi-me de mil e uma coisas, desde que tinha feito e de outras que não devia ter feito ou que não fiz. Tornei-me instantaneamente religioso. Revi a minha morte mil vezes, e armei-me em corajoso e em cobarde na mesma cena de encontro com o assassino.
Por fim, e depois de todas as minhas experiências religiosas e exotéricas, a luz acendeu no piso da minha casa. Eu já estava preparado para morrer quando vi quem estava a acionar o detetor. A pessoa não usava máscara nem era assustadora. Mas é um ser extremamente mortal, isso eu vos asseguro.
Levantei-me de repente e disse-lhe: “Olá, e o que estás a fazer aqui a esta hora da noite, e ainda por cima, a andar tão sorrateiramente?”. A pessoa assustou-se tanto que quase caiu escada abaixo. Ficou agarrada ao corrimão, como se estivesse a ter um ataque do coração, a respirar ofegantemente.
E eu comecei a ficar inquieto, pois só imaginava a pessoa a morrer por causa do susto que lhe preguei, ou a ter sequelas físicas e mentais permanentes, os vizinhos a virem à porta e a acusaram-me de não ter dado assistência, e eu a ser preso por causa disso. Desci os degraus e agarrei-me a ela, para a acalmar.
A pessoa lá se recompôs, e disse-me “Ó anormal, tu não atendes a merda do telemóvel e só vim ver se estavas bem, se não tinhas sido feito refém na tua casa. Saio eu de casa a altas horas para quase morrer do coração.”. E eu fiquei completamente desfeito, pois tinha alguém no mundo que tinha saído de casa para saber de mim. Quase que chorei….
Era alguém com quem tinha passado momentos bons, menos bons, francamente maus, estivemos juntos, separados, inimigos, partilhamos casa, bens, cama, amigos, e desde que nos conhecemos, nunca estivemos muito tempo sem estarmos juntos nem a saber um do outro. E só não atendi o telemóvel porque este ficou a carregar em casa.
Confesso que não era a primeira vez que ela tinha entrado em minha casa sem ser convidada, pois tínhamos confiança para isso, pois demos chaves de casa um do outro, mas tenho fortes suspeitas de que ela fazia isso só para saber se eu andava com alguém, e para nem me atrever a levar alguém lá para casa.
Ela ia abrir a porta de minha casa, e eu de repente lembro-me da minha situação, e coloco-me à frente dela, e impeço-a de entrar na habitação. Ela fica escandalizada, pois interpreta o meu gesto, puramente protetor, de como se estivesse a esconder alguém dentro de casa. E começa aos gritos. “Onde é que está essa puta?”.
E começou um Carnaval antecipado, com os vizinhos a abrirem as portas para saberem o que se passava, ela a entrar na casa e a chamar “Ó sua puta de merda, onde é que estás escondida?”, eu a tentar tapar-lhe a boca e ela a morder-me, e já nem me lembrava dos polícias, assassinos de organizações criminosas….
Sem ter encontrado nenhuma mulher dentro de casa, a Elsa ficou mais calma, e principalmente mais calada, para minha felicidade. E começou a fazer perguntas, e a não gostar das respostas. Até que ficou calada, chocada, assustada, perturbada com tudo o que eu tinha feito. E perguntou: “Estamos em perigo?
Ao que lhe respondi “Eu estava em perigo, mas depois da tua gritaria, já não devo estar, pois o assassino deve ter-se assustado e fugido”. Ela riu-se baixinho, relaxou um pouco e deu-me a mão. Despois apertou com força e com cara de durona disse “Afasto-me um bocadinho de ti e só fazes merda….


3.     O quando o telefone toca…


De repente, ouço o toque do meu telemóvel. O número é privado. Assusto-me. Resolvo não atender. Arrependo-me, vou atender, mas nesse exato momento desligam a chamada. “Porque é que não atendeste?” pergunta a Elsa. “Porque o telemóvel pode ser localizado se atendesse, não sabes isso?”, respondo, assustado.
E numa voz completamente calma e clara, a Elsa diz: “Se te ligaram, sabem quem és, e se sabem quem és, sabem onde moras, ou seja, já sabem onde estás agora mesmo.” E sorri, com um sorriso triste, melancólico, de resignação, estilo “e agora vamos morrer, por tua causa, parvalhão de merda!
Entrei em pânico. Ela tinha toda a razão. Descobriram-me e sabem tudo sobre mim. Estou lixado, e pior, arrastei a Elsa comigo. Comecei a suar abundantemente, sem reação absolutamente nenhuma, enquanto dizia para mim mesmo “Mexe-te, estúpido do caraças, mexe-te!”. Mas nada. Nem um musculo.
A Elsa começou a colocar roupas e produtos de higiene pessoal a colocar numa mochila grande, foi ao meu esconderijo, que eu julgava que era secreto, mas que afinal não era, e tirou o que tinha de valor, e passados uns poucos minutos, abriu a porta e perguntou-me: “Vens ou ficas?”. Fui, claro.
Descemos as escadas do prédio a correr, como se fugíssemos do Demónio, porque ele estava lá em casa, mas afinal ele vinha connosco, com curiosidade para saber o que se ia passar a seguir. Atravessamos a rua e fomos para o automóvel da Elsa, atirando tudo para o porta-bagagens, sem saber muito bem para onde podíamos ir.
Ao entrar no carro da Elsa, via o Tesla azul a uns cinquenta metros, e assustado, meti-me tão rapidamente dentro do veículo que parecia estar num vídeo a alta velocidade, ao mesmo tempo que lhe dizia para ela arrancar rápido e sair dali em alta velocidade, pois “os bandidos estão ali atrás.”
Saímos da rua em marcha acelerada, e eu procurei ver o Tesla azul, para saber se nos estavam a seguir. Mas não estava, pois continuava lá parado. Comecei a entrar em pânico, pois comecei a imaginar que, se não estava a seguir-nos, é porque tinham colocado uma bomba por baixo do carro da Elsa
Parámos o carro num ermo, e depois de nos certificarmos de que não eramos seguidos, pus-me a espreitar por baixo do carro em busca de bombas, e ao não encontrar nenhuma, revolvi o carro todo em busca de algo que os assassinos pudessem ter lá posto, para nos seguir à distância ou para monitorizar as nossas conversas. Nada.
A Elsa perdeu a paciência e deu-me um ultimato: “Ou vamos já à Polícia ou tu ficas já aqui!” Eu ia fazer o quê? Com medo de ir à polícia, fugi monte abaixo, a gritar que ela também era uma assassina, que ela queria me matar, que ela era da polícia. E caí de bruços, batendo com a cabeça numa pedra.
Acordei cheio de dores, com a Elsa a olhar para mim de uma forma estranha, e reparo que tanto ela como eu estamos presos, com algemas presos à minha cama. Inutilmente tento me libertar como um animal aprisionado, e apenas faço barulho, que alerta quem nos estava a vigiar, que diz: “A princesinha já acordou do seu soninho, foi?
Reparo que estamos aprisionados num miserável armazém, e quem nos aprisiona é o mesmíssimo casal que matou os ocupantes do Citroen cinzento. Digo para mim mesmo: “Agora que meti a Elsa num belo sarilho, tenho que fazer qualquer coisa para a safar”. Mas a dúvida é o que eu ia fazer.
Do nada, aparece a mulher, que, com uma cara histérica, desata aos berros ao dizer que me matava, que me esquartejava, se não lhe obedecesse, só para me intimidar. Sinto que a atitude é falsa, que está a fazer de polícia má, e fico à espero da entrada do homem, que decerto fará de polícia bom, para contrabalançar.
Ela continuava aos gritos, com um facalhão na mão, a dizer que me ia tirar um olho se eu não dissesse o que ela queria, que ia abrir um buraco na barriga da Elsa, que ia fazer isto e aquilo, mas sem convicção nenhuma. E eu a aguardar pela entrada do meu “defensor”.
De súbito, o homem entra e empurra brutalmente a mulher, e em vez de se portar como o “policia bom”, agride-me ferozmente, perguntando com voz enraivecida “onde é que puseste a caixa, cabrão?”, e aperta-me a garganta. Sinto as minhas forças a esvaírem-se, e apago. Outra vez.
Acordo de novo e ainda com mais dores do que na primeira vez. Mas desta vez estou no chão, com a Elisa, desmaiada ou adormecida, ao meu lado. Vejo que o homem, desacordado ou morto, jaz algemado a um cano. Não percebo nada do que está a acontecer, e finjo-me desacordado. Por vezes, fingir de morto é a melhor solução.
Chega a noite e ninguém acorda, ou continuam todos a fingir-se de mortos, como eu. Ou então o tipo está mesmo morto. Sei ao menos que a Elsa está viva, pois respira e por vezes estremece-se. Vejo que ela não tem cordas nem algemas, assim como eu. Quem nos libertou e aprisiono a “besta” não faço a mínima ideia.
A mulher surge, com um semblante calmo e pacifico. Olha para nós a rir-se e diz: “Já podem parar de fingir-se de mortos. Já basta um.” E a Elsa levanta-se e diz-me: “Anda, levanta-te.” Levanto-me desconfiado, pois fiquei a saber que sei muito menos do que devia saber, e que tudo me passou ao lado.
Olá, vamos então às apresentações formais. Eu chamo-me Maria, e pertenço à Interpol. Ando atrás desse bandido há mais de dois anos, e sem ter obtido resultados, tive de me envolver fisicamente com ele para me poder integrar no seu grupo criminoso e monitorizar as suas muito perigosas atividades ilícitas.”
“Não sei porque estou a confessar isto tudo a vocês, mas na realidade, só quero devolvam a caixa de metal vermelha para poder tirar férias disto tudo, e ir para bem longe.” E com isto chegaram outras pessoas que se identificaram com crachás da Interpol, descansando-me, por fim, pois encarei a confissão dela como real.
 

4.     Epílogo, ou talvez não…


Mesmo bastante combalido, sigo com os agentes da Interpol, numa coluna de carros descaraterizados, até ao local onde tinha guardado a caixa de metal vermelha. Ali jazia a fonte de tantos problemas, ainda decerto enrolada nos trapos velhos e debaixo de umas pedras pesadas, tal como a tinha deixado, tão poucas horas atrás.
Próximo do local, estavam polícias e investigadores a examinarem o Citroen cinzento e os corpos de dois homens, e se bem que culpadas de atropelamento e fuga, eles mereciam ter sido entregues à justiça, e não executados sumariamente daquela maneira.
Chegado ao local, tirei as pesadas pedras do lugar para tirar o monte de trapos que continham a caixa de metal vermelha, mas quando suspendo o objeto, o que agarra o embrulho é uma pinça de metal, manuseada por um individuo vestido com um fato completo de proteção. Todos os outros agentes estavam a uma distância segura.
Seus filhos da p…. “, grito eu. “Porque é que ninguém me disse nada que isto era perigoso?”. “Potencialmente perigoso”, corrigiu-me logo um outro individuo, igualmente vestido com um fato completo de proteção, que me disse para me despir, e nesse mesmo local deram-me um banho completo com substância qualquer.
Eu nunca fiquei a saber o que realmente tive nas mãos. A caixa de metal vermelha tanto podia conter material radioativo, vírus ou bactérias, acessos a ogivas nucleares ou um pelo encravado de Judas Iscariotes. Também, e felizmente, a minha saúde não ficou afetada, pois ainda ando por aqui.
A Elsa também anda por aí, comigo, mas sempre com receio que me meta em sarilhos, e por isso não me deixa muito à solta, e eu também não me quero ver muito solto, pois já vi que tenho propensão a meter-me em situações menos claras. Mas pelo menos já tenho uma história para contar aos netos. Se os tiver, e se acreditarem em mim.
Passados uns tempos, estou eu sossegado a tomar um cappuccino, precisamente no mesmo local onde decorreu as agressões mutuas e o posterior atropelamento, e de onde eu desviei o veículo elétrico com a caixa de metal vermelha, quando se aproxima um Citroen cinzento, e instantemente entrei em pânico.
Bebo o cappuccino de um gole, e fujo vou para dentro do café, e lá fico a fingir olhar para a montra dos bolos, como que hipnotizado, com bastante medo que alguém entre e me dirija a palavra. E de súbito alguém diz, ao meu ouvido, num tom meloso, mas que para mim me pareceu bastante ameaçador: “pagas-me um cappuccino?....