sexta-feira, 26 de março de 2021

Revelações

 


Considero o ato de Pensar como algo maravilhoso, especialmente quando desse ato consigo obter revelações acerca dos verdadeiros significados sobre situações e sentimentos.

Depois desses exercícios mentais, fico a chamar-me de estúpido, pois estas revelações estiveram sempre ali, pacientemente à espera que eu as descortinasse.

Mas porque é que estou a obter esse tipo de descobertas tão tarde? É que se tivesse obtido essas respostas mais cedo, teria tomado outras opções e a minha vida teria sido outra!

Mas como as revelações estão a ser tardias e a conta-gotas, só me permite dizer “se eu tivesse sabido disto mais cedo, teria agido ou decidido de outra maneira!

Sei que o tempo não volta atrás, que as situações ocorridas já fazem parte do passado, e “não adianta chorar sobre o leite derramado”.

Na realidade, nunca escutei os mais velhos, e decerto que cada um deles devia ter tido também as suas revelações, mas que nunca mas transmitiram. Mas agora sei a razão.

É inútil e escusado transmitirmos revelações, pois cada de nós é que deve obter os conhecimentos, pois estes são adaptados à realidade de cada um de nós.

Cada ser humano é único e irrepetível, fruto da sua genética e de percursos pessoais, moldados através da educação, das relações e dos conhecimentos.

No entanto, malditas revelações, que chegam apenas no balanço da vida, quando já é demasiado tarde para poder mudar seja o que for.

Mas é assim a Vida. E nada mais me resta senão aceitá-la tal como ela é.

quarta-feira, 3 de março de 2021

A Minha Pandemia Privativa

 



Até finais de 2019 a maioria das pessoas nunca tinha ouvido falar da palavra pandemia. Eu já sabia o que era, mas só de ler nos livros de história.

Nas descrições da história da humanidade, há sempre menos referências às pandemias do que à vida dos poderosos.

Vê-se bem que a doença, a fome e a morte das pessoas comuns nunca mereceu destaque, pois sempre foi a regra, nunca a exceção.

Tenho atravessado esta pandemia de uma forma quase singular, pois tenho ido trabalhar todos os dias, estando fisicamente no mesmo local de trabalho, a fingir que nada se passa.

Ver a sala sem colegas, os edifícios desertos, os passeios sem pessoas e as lojas e restaurantes encerrados, mexe comigo, e não há maneira de me habituar.

Confesso que por vezes sinto-me, no meu local de trabalho despido de pessoas, como se fosse “o último homem na Terra”, e acreditem, não é uma boa sensação…

Acredito que as pessoas que estão fechadas em casa, por razões inversas às minhas, também estão mexidas. E algumas, mesmo muito.

Pergunto-me se os confinados estão desejosos de sair ou, inversamente, vão continuar com receio de estar com outras pessoas.

Dizem que é para breve que vamos todos sair de casa, respirar sem máscara, viajar, abraçar e falar de outros assuntos.

O que não dizem é que bastará um boato de que anda outro vírus a circular para que todos se voltem a refugiar nas suas casas, em pânico.

É que se “gato escaldado de água fria tem medo”, os humanos são muito piores que os gatos.