Quando eu levava uma “tampa”
do José (o que acontecia demasiadas vezes), telefonava logo para o Paulo.
É que sabia que ele iria aceitar logo a minha proposta, mesmo sabendo que iria desmarcar com outra pessoa. Mas eu não me importava. Com ele sentia-me poderosa. Outra vez!
Reparei que desde a partida do José para Angola que o
Paulo já não andou com mais nenhuma namoradita. E aproveitei para estarmos os dois. Com frequência.
A companhia dele enchia-me
completamente. E dei-me por vezes a pensar no que seria de mim sem ele.
É que se as boas relações de amizade são assim, punha-me a imaginar como seria se realmente andássemos juntos....
Um dia enchi-me de coragem e
dei-lhe um beijo. Mais para ver o que eu sentia que por outra coisa. Recuei. Ele
não reagiu. Perguntou apenas “O que é isto?”
Acabrunhada, tive de abrir o
jogo. “Gosto de ti”. Ele olhou para mim de soslaio. “E?”,
perguntou ele….
“E….. quero namorar contigo?!”
completei, num misto de pergunta e de afirmação.
O sorriso dele foi inesquecível.
“Eu não te disse? Eu não te disse que irias pedir para namorar comigo?” E
foi-se embora A gargalhar.
Fiquei estúpida sentada no
sofá, a olhar para o chão, sem saber bem no que pensar. “Será que o perdi? Será que perdi
o amigo, o compincha, agora que lhe disse que o queria?”.
Ainda pensei em ligar-lhe,
mas desisti. Esperei. E em boa hora o fiz, pois passada meia-hora tocou-me à
campainha, no seu jeito: dois toques curtos.
Abri e só vi uma mão com um
molho de rosas vermelhas, com um pedaço de papel A4 escrito “ACEITO!!!”
rodeado de corações. É um romântico muito parvo….. mas era o meu romântico!
Toda a gente ficou contente
com o facto de termos assumido, de vez, a nossa relação. E a expressão mais
ouvida foi a “Até que enfim, caramba”.
Eu confesso! Durante muito tempo tive receio que aquela sensação de cumplicidade que tínhamos enquanto
apenas amigos desaparecesse.
(continua)
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