Sim,
sou um perito em relações falhadas. Posso mesmo dizer, sem qualquer ponta de
orgulho, que sou um verdadeiro especialista mundial, com um curriculum recheado de experiências traumáticas.
Considero mesmo que já nasci com esse raro e precioso dom de escolher as piores mulheres para amar. Evidentemente que não as escolho por saber que são más ou vis. Muito
antes pelo contrário, a meu ver são todas umas Santas!
A
minha triste sina começou logo no jardim-de-infância, quando vi uma coleguita a
sorrir para mim e instantaneamente ofereci-lhe o coração. Durante o tempo em que fomos
inseparáveis sucedeu uma situação muito estranha.
As
minhas chuchas, as minhas queridas Nuc, estavam a desaparecer a um ritmo
alucinante, e eu não sabia como nem porquê. E os meus pais ameaçaram-me
cortar o fornecimento desse produto de primeira necessidade.
Foi
a partir desse dia que a Ansiedade me começou a dominar, e nunca mais me quis largar
desde então. É a minha companheira inseparável, mais para o mal que para o bem,
e que por vezes chama a sua irmã Desespero para, juntas, me azucrinarem a porca
da vida!
Desabafava
os desaparecimentos das chuchas à minha querida amiga Nuxa, que me ia dizendo
que de certeza era o tal, ou a tal, ou mesmo a menina Rosa, a responsável da
nossa sala, que mas andava a roubar. E eu sempre a acreditar nela.
Este
estúpido que vos fala nunca desconfiou que era a minha querida Nuxa que as roubava, com total impunidade e descaramento, levando-as para o mercado
negro existente nesse mesmo jardim-de-infância, que se chamava, ironicamente de
“Chuchas e Companhia”!
Só
muitos anos mais tarde é que a Nuxa me contou esse episódio, ainda por cima a rir. E aproveitou e acabou com a nossa relação porque a confrontei com umas supostas traições dela, relatadas pelo meu grande amigo Zé.
Claro
que esse Zé apenas
me confidenciou a traição da Nuxa com um tipo qualquer, porque ela o tinha trocado por outro, no fundo traindo a nós dois. Mesmo assim continuei a admirá-la por ela ser uma mulher muito
dada. Mesmo muito dada.
Entre
a Nuxa infantil e a Nuxa mulher sabida aconteceu-me um sem-fim de casos, paixões e
paixonetas, de flirts e namoraditas, fossem grandes ou pequenas, branquinhas ou escurinhas,
louras, morenas ou ruivas. Houve de tudo e se mais houvesse. Todas diferentes. Mas todas
iguais.
A
todas e a cada uma tratava como se fosse uma princesa, uma rainha, uma deusa que me
punha a adorar. A todas coloquei no pedestal e a todas chamava “Amor”.
E sentia-me feliz com todas e com cada uma.
E
com todas e com cada uma sentia-me o homem mais feliz do mundo, atrevo-me a
dizer. Dizia sempre para comigo “Esta é que é. Ainda bem que me livrei daquela outra”. Claro que não me tinha livrado de ninguém, pois tinha sido,
mais uma vez, escorraçado!
Na
verdade, todas elas me tinham dado com os pés, e a maioria com requintes de
malvadez. Mas algumas tinham-me respeitado, pelo menos minimamente, talvez mais
com pena do triste que sou, pois nem valia a pena fazer mais, não com medo de
qualquer minha reacção brusca ou bruta.
Mas
não vos quero maçar com as minhas muitas histórias, pois decerto que ultrapassaria
as “Mil e uma noites”. Assim, só
quero mesmo contar-vos a minha história com a Sandra.
Conheci a Sandra num bar
na Av. 24 de Julho, em Lisboa. Bem, conhecer é força de expressão, pois eu
limitei-me a estar lá, acompanhado por um amigo de longa data, o P, que com genes
de engatatão, “sacou” a amiga da
Sandra num ápice. E a esta veio de "brinde"....
(continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário