Carrego
uma vez mais no botão para acordar o telemóvel, e instantaneamente o vidro
ilumina-se, permitindo-me verificar as notificações que nos últimos segundos
possam ter surgido.
Nada.
Nem uma mensagem, nem um Like, nem um misero Smile. Apenas o sorriso dela na
foto que coloquei no papel de parede do telemóvel, totalmente rodeada de icons.
Ela
não me diz nada há mais de uma hora. Deve estar chateada comigo. Não.
Está decerto zangada comigo. Mas porquê? Que lhe fiz eu?
E ponho-me a verificar, mais uma vez, as mensagens trocadas com ela no Mensager, no
Whatsapp, nas mensagens do telemóvel. Aqui demorei um bocado mais a responder.
Aqui não compreendi o que ela queria dizer e respondi sobre outra coisa. E
assim me perco…..
Peço
um café. Mais um. O meu coração acelerado dispensa-o mas o meu cérebro exige-o,
para poder trabalhar a mil, a milhão. Quando estou a pegar na
chávena surge o som de uma mensagem e o meu coração acelera ainda mais, batendo
descompassadamente.
Levanto
o telemóvel para ver do que se trata e fico com a impressão que a mensagem
é dela. Mas não era. É apenas uma superfície comercial a anunciar que tem o
bacalhau um bocado menos caro, e que pode ainda acompanhá-lo com beldroegas.
Como
posso bloquear estes tipos? Ainda me matam do coração!
E
ao mesmo tempo que sorvo o café, vou ao Face e vejo se coloquei um like nalguma
publicação de alguma tipa que ela não goste, ou se nalguma publicação minha
alguma flausina entretanto tenha escrito um comentário que ela tenha considerado menos próprio,
Vou
à página dela ver o que postou. Ui, há uma coisa nova que nem tinha visto. E
fico lívido de ódio ao ver que “aquele”
gajo comentou. Outra vez. E o meu coração fica parado quando leio que ela lhe
respondeu…. e logo a seguir!
-
E a mim nem um alô me dá….., penso demasiado alto, pondo uma ou outra pessoa a
rodar o pescoço, para ver a cara do maluquinho que anda para aí a falar
sozinho.
Penso
logo que já estão no Messenger a falar. Que estão já a combinar coisas. Penso e
enfureço. Fecho as mãos com força.
Penso
em ligar-lhe, mas não o faço. Penso em enviar-lhe uma mensagem, mas tremo só de
pensar se ela não me responde, ou se demora mais tempo a responder que ao “outro”.
É que nem um alô…..
Verifico
a bateria do telemóvel. Quase no fim! Desgraça. E nem trouxe comigo a power
bank. Que estúpido! Um perfeito anormal.
Continuo
a verificar tudo e mais alguma coisa nas redes sociais, enquanto o telemóvel se
vai consumindo aos poucos…. E eu vou-me consumindo aos muitos!
Desespero.
Nada. O telemóvel a 4%. Ainda dá para ir ao Face ver se o gajo respondeu a
comentário dela. Respondeu…. Raios!
O
telemóvel está no limite. Levanto-me enervado e vou pagar a despesa. Coloco-o
no bolso de trás e ao fazer esse gesto ele emite um som.
Uma
chamada!
Entro
literalmente em pânico! Tiro desesperadamente o telemóvel do bolso e ainda
consigo ver - desta vez nitidamente, que era ela. É ela que me está a ligar!!!
E o telemóvel falece de exaustão..... RIP!!!!
Recebo
às pressas o troco e sem conferir, despejo as moedas bolso abaixo, ao mesmo
tempo que corro até a uma loja em busca de um power bank, de um carregador, de
algo que me permitisse ressuscitar o telemóvel.
Nada.
Os power bank vêm totalmente descarregados e um carregador não me serve para
nada pois não tenho onde o ligar.
Em
desespero absoluto corro para casa. O tempo urge e cada minuto conta, mas
decido que vou ligar-lhe de casa. Ainda vou demorar a chegar mas vou fazer
isso.
Cheguei.
Finalmente cheguei e antes de mais nada ligo o telemóvel ao carregador. O tempo
que este demora a ressuscitar, mesmo estando ligado, é interminável. Desespero
pela espera.
Preparo-me
para lhe ligar. Enquanto ouço o toque de chamada, ajeito o cabelo.
“Olá Amor. Ligaste? Nem tinha reparado. Não. Está tudo calminho. Nenhum
stress…. Beijos. Até já. Amo-te!”
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