A Bruxa mexia e remexia o seu
caldeirão, enquanto pensava que nem sempre tinha sido assim, pois já tinha sido
menina e moça. E enquanto mexia e remexia o seu caldeirão, pensava no seu amor
perdido, no seu cavaleiro andante, comido por um dragão feroz.
E uma lágrima fugidia caiu para dentro do caldeirão….
A Bruxa mexeu e remexeu o seu
caldeirão ainda com mais vigor, enquanto de lá de dentro saiam sombras
fantasmagóricas, que subiram até ao tecto da feia cabana. O gato, assustado,
eriçou os seus poucos pelos, e até os seus olhos olharam a direito.
A Bruxa deixou de mexer e
remexer o seu caldeirão e pousou a colher. Estava cansada mas muito satisfeita.
De dentro do seu caldeirão saía, desorientado, o seu cavaleiro andante, e
refeito das mordidas do terrível dragão.
A Bruxa ajeitou as pestanas e
as sobrancelhas num espelho sujo por falta de uso, limpou as suas vestes o
melhor que pode e colocou um chapéu para conter o seu cabelo, e esperou que o
seu amado abrisse os olhos, para a ver.
A Bruxa viu o seu amado a
abrir os olhos e ao vê-la, sorriu, sorriu como se estivesse no paraíso, e ela
respondeu sorrindo também, abraçando-o como se nunca tivessem sido separados
pelo destino, e ele respondeu ao seu abraço, emocionado…..
Mas se pensavam que o cavaleiro andante ia ficar assustado com o aspecto
da bruxa, leiam de novo e irão reparar que em lado nenhum está escrito que ela
era feia ou repugnante!
Pelo
contrário, a Bruxa era mesmo muito bonita, apesar de já não ser menina e moça.
Feia era a cabana, e sim, o gato era vesgo e meio pelado, mas de resto
de feio ele não tinha nada.
Que preconceito que temos sobre as bruxas….. e no fundo, sobre muito
mais…..
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