sexta-feira, 23 de junho de 2017

Trujillo



Subo a uma das tuas colinas e admiro o teu casario, tal como tenho feito várias vezes ao longo de anos.
A minha questão é sempre a mesma: será esta a última vez que te vejo? E o meu coração fica mais pequeno.
Todas as vezes que vou a Madrid tenho de te ver. Para nós tornou-se um ritual. É uma coisa nossa, intima até.
Basta olhar para ti para tu responderes, mostrando os teus múltiplos e ocultos encantos.
Não és particularmente bela pois não estás nas margens de um frondoso rio ou lago, e nem tens altas e bonitas montanhas no horizonte.
Também não possuis monumentos tais que atraias visitantes de longe, como acontece com algumas formosas e tão famosas cidades da tua região.
Para outros podes ser "apenas" um castro antigo e altaneiro, como outros tantos que salpicam o queimado e árido planalto castelhano.
Mas para mim possuis algo que não consigo explicar por simples palavras.
Só dentro das tuas muralhas me sinto completo e em casa. Será por ter aí amado o que nunca mais amei?
Do teu Castelo avisto uma planura sem fim, e lá longe, está o meu país. De onde venho, agora.
Mas é no teu ponto cimeiro que me sinto viver novamente o que já vivi, quando eu era outro.
E é aí que me reencontro. E é aí que me sinto em paz. Contigo.

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