Vejo a
Vida a traçar o seu rumo sem se importar se a quero seguir ou não. Tenho
vontade de a chamar, mas sei que ela nem me ouviria. E mesmo que ela parasse
para me ouvir, realmente eu não lhe teria nada para dizer....
Julgava eu que estava bem, parado na minha Vida, a ganhar pó e
mofo, admirado (e também assustado) a ver os meus amigos e familiares a acasalarem e a
reproduzirem-se. Ou seja, a seguirem as suas vidas.
Sentia-me tão bem no metro, a ser levado para o meu Destino, sem tomar
decisões nenhumas, a entrar e a sair das carruagens sem ser notado. Era só mais um corpo na imensa multidão.
Mas na realidade, eu estava era parado na estação do metro da Vida, a
ver os outros a entrarem e a saírem das carruagens e a seguirem os seus
caminhos. E eu limitava-me a olhar para a vida dos outros.
Não sabia que o Destino tinha planos para mim. Inversamente, eu não
tinha planos nenhuns para o Destino. Até entrar no metro e deparar-me com a
Elsa.
Será que foste tu, Destino, que a puseste na minha vida? Será que foste
tu que decidiste por mim que eu não apanharia o autocarro nesse dia? Só assim
não a teria conhecido, e não teria saído da minha querida rotina!
Sei perfeitamente que o meu percurso de vida não me levaria a lado nenhum.
Uns esparsos amigos e familiares, e sem ninguém a quem deixar o pouco que poderia
amealhar no resto da vida.
Sei bem que mais ninguém iria entrar na minha vida, pois estava a
certificar-me que todas as portas que levariam ao meu coração estariam muito bem
fechadas.
E sei que daqui para a frente iria chorar todas as noites do resto da minha
vida por nenhuma Elsa ter entrado na minha vida. E chorar mais ainda por todas
as oportunidades perdidas para ser feliz!
Mas aí seria tarde. Demasiado tarde.
Parece que já foi há anos que conheci a Elsa…. Parece que foi há muitos
anos que deparei com ela no Metro. E realmente foi….
Acordo. Uma Elsa em
miniatura estava sentada ao meu lado, olhando-me
fixamente. Pergunto-lhe “Já são horas?” Ao que a Elsa em
miniatura responde, com cara de fingida:
“Avô, saíste-me cá um dorminhoco! Já vou chegar atrasada aos Escuteiros!”
Obrigado Destino. Obrigado Vida. E obrigado Elsa.
Quero que saibam que vos estou eternamente grato.
(FIM)
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