Uma
noite, a minha mulher, do nada, disse qualquer coisa como “vê lá se não cais como o
Nuno”, ao que lhe perguntei, meio ingénuo e meio distraído “mas o
Nuno magoou-se, foi?”, mas quando ia rectificar, já só vi a Glória a
bater com força a porta do quarto, zangada comigo.
Fui atrás dela a dizer “eu não sou o Nuno, fica descansada” ao que ela parou de repente, e olhando-me nos olhos e disse, calma e friamente “Veremos”.
E eu encarei esse desafio, como tinha encarado tantos ao longo da vida. E
superado. Quase todos…
Não tinha passado muito tempo quando caí. E caí de cabeça! E tal como o Nuno, com uma colega de trabalho!
Sinceramente não
imaginava que tal me poderia suceder. Julgava ter uma relação
marital e emocional estável e portanto só podia estar muito satisfeito com a
minha vida. Racionalmente tudo estava bem. Mas a vida não é feita apenas do racional….
Numa manhã ensolarada, o Nuno entrou no meu gabinete com duas canecas de café na mão e
um sorriso. Como continuámos a evitar-nos fiquei tenso e endireitei-me rigidamente na cadeira, mas ele
desarmou-me logo quando me estendeu uma caneca e disse “vamos passar o fim-de-semana fora os
quatro?”
Os
meus olhos brilharam, pois percebi logo quem eram os quatro. Ia realizar-se um
seminário em Génova e sabia que o Nuno e a sua “amiga” iam estar
presentes. Eu também precisava de ir, mas dadas as circunstâncias, custava-me.
E agora surge isto…..
Confesso que foi
um fim-de-semana fantástico, muito romântico, e apesar disso, nem sei se gostei mais de
ter estado dessa forma com a Celeste se foi a total reaproximação com o Nuno.
Apesar
de saber que o Nuno não era, de todo, infeliz com a sua esposa, foi um deleite
vê-lo como se fosse um miúdo grande, apaixonado. E eu também estava. Muito.
Se
eu fosse livre, sei que estaria imensamente feliz. Mas eu não era, pois
tinha-me comprometido para sempre, para o bem e para o mal, para a saúde e para
a doença, com outra pessoa.
Por
mais que desse voltas à cabeça, não sabia como sair desta situação.
Via o Nuno completamente “apanhado” em todos os sentidos.
Foi apanhado pela paixão e também pela esposa, família, colegas e
amigos. Tão enredado estava que mais parecia um atum nas redes, e à medida que
se debatia, mais preso ficava.
E eu já via as redes que me iam apanhar a aproximarem-se cada vez mais. Não tardaria a estar
na mesma situação do Nuno, pois a Celeste pedia uma
definição da nossa situação, um pouco à semelhança do que estava a
suceder com a "namorada" do Nuno, de seu nome Maria.
Eu
ia vivendo um dia-a-dia cada vez mais complicado. Sentia os meus filhos, já
crescidos, a necessitarem cada vez menos de mim, e eu e a minha esposa cada vez mais desligados física e emocionalmente um do outro desde há anos. Mais parecíamos irmãos.
E eu sentia que a Celeste era a minha derradeira hipótese de poder voltar a ser feliz....
E eu sentia que a Celeste era a minha derradeira hipótese de poder voltar a ser feliz....
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