sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A Vida é um Novelo


 

Desde cedo comecei a ler sobre antigas religiões, e fascinava-me como abordavam o tema da vida. Civilizações que aparentemente nunca tiveram contacto umas com as outras contam histórias muito semelhantes sobre o Destino, como se tivessem tido origem numa história comum, nos primórdios dos tempos.

A imagem que mais tenho presente é a representação do destino dos antigos nórdicos. Os novelos dos destinos dos homens eram guardados pelas Norses, três divindades femininas que representavam o passado, o presente e o futuro. Elas teciam o destino dos deuses e dos homens com fio fiado pela deusa Freyja, que tudo sabe e não fala.

Assim desde cedo fiquei com sensação que a vida era um novelo (e não só uma novela), e que se ia desenrolando até ao momento em que algum ser divino cortava o fio no momento previsto pelo Destino.

Se bem que não esteja descrito na lenda é nosso dever velar pelo nosso novelo, observando constantemente o fluir do fio da nossa vida. Só assim estariamos prontos a intervir caso o nosso fio começasse a “emaranhar”.

Esta ideia veio novamente à minha cabeça porque durante algum tempo perdi deliberadamente de vista o fio da minha meada, e perdi-o de vista porque estava mais atento ao fio de outrem que ao meu. E o mais estranho nisto tudo é que o perdi de vista e (quase) nem me lembrava dele, tão absorto que estava.

Agora, recuperado o que julguei perdido para sempre, e que nunca deveria ter ficado longe da minha vista, digo: “Bem-vindo de volta, fio da minha vida. Que nunca mais te perca de vista. Nunca mais."



Nota: é às Norses que é atribuída a citação “Eu sou tudo aquilo que fui, sou e continuarei sendo.”

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