“Aqui estou eu, sentada no escuro, a meio da noite,
com uma faca afiada na mão, pronta para a usar!”
“Sinto que nasci
para o que vou fazer. E vou fazê-lo. Sem remorsos nem hesitações.”
Pensamentos destes enchem-me a cabeça e incitam-me para fazer algo que me repugna. Sinto vontade de
vomitar só de pensar nisso.
Encolho-me
mais um bocadito, mas nesse movimento sinto que a mão direita aperta com mais
força o cabo da faca, até os nós dos dedos ficarem translúcidos.
Tinha
entrado em casa dele horas antes, com a firme decisão de o matar. Mas agora, a parte
da minha alma frágil e delicada estava, aos poucos, a dominar.
"Eu fiquei completamente destroçada quando ele me
disse que estava a gostar muito de outra mulher." Passei a odiá-lo e a amá-lo ao mesmo tempo. E esta divisão mantêm-se no meu coração, pois tenho uma faca na mão e lágrimas nos olhos.
“Como
sou tola. Não devia ter tomado esta decisão. No fundo não quero fazer nada
disto.” Mas reparo que a minha mão se recusava a largar a faca.
Dedico
a minha atenção à mão, e lentamente dou-lhe ordens para que largue a arma letal, mas
ela não obedece. Fico assustada. “Estarei completamente louca???”
A
minha mão esquerda tenta separar a faca da outra mão, mas não consegue. Parecia
que o cabo da faca era uma extensão da mão.
Larguei-me
a chorar baixinho, e aos soluços. Afinal parte de mim quer mesmo fazer-lhe mal.
Senti que a parte da minha alma boa não tinha poder nenhum quando o
mal tudo domina. E senti-me capaz de morrer.
“E
se????” Era um dois em um e acabavam-se os sofrimentos todos de uma
vez. “E lixem-se os que cá ficam!”
E
fortalecida por este novo e perverso sentimento, fiquei estranhamento aliviada por, afinal, não ter
largado a faca. “Sim, é isso mesmo! Vamos lá a isso!”
E lentamente começo a colocar-me em posição, como uma
pantera antes de atacar…..
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