“Mas
que raio é isto? A que velocidade é que este vai? Julga que está numa corrida de Fórmula 1
ou quê?”
E
ao mesmo tempo que aponto o medidor de velocidade portátil do carro-patrulha,
começo a perseguir o Golf cinzento claro pela via rápida.
“A 183
quilómetros hora, numa via em que só pode circular a 80? Só pode estar a
brincar!”
E
sem assinalar a perseguição nem com luzes nem sirenes, persigo o Golf a toda a velocidade, sentindo que poderia haver nessa pressa algo muito estranho.
Na perseguição, reparo com espanto que o Golf é dirigido por uma mulher, o que me deixa mais cauteloso.
De repente, a condutora deixa a via rápida e dirige-se para um sossegado bairro, retomando uma velocidade legal. Eu, ao
verificar que ela está prestes a estacionar, encosto o meu carro em segunda fila,
pronto para a abordar.
Ao encostar a minha viatura e sem nada que o faça o prever, ouço um grito estridente. Dado não haver mais ninguém na rua, depreendo que é a condutora, e saio da viatura, apressadamente:
“Mas
que se passa, minha senhora? Porque grita desta maneira? Olhe que vai acordar o
bairro inteiro!”
A
condutora olha para mim e grita ainda com mais vigor, assustada pois decerto não devia estar à espera de ser abordada na
rua, àquela hora da madrugada.
Mesmo
com a minha já longa experiência como polícia, confesso que fiquei sem saber o que fazer ou
dizer. Surpreendido, nem reagi!
A
mulher, ainda a gritar, atravessa a correr a rua e dirige-se para um prédio, sempre a
olhar para mim, receosa, tremendo toda.
E eu penso “Se
vou atrás dela começa a gritar ainda mais alto. Vou-me embora! Vou notificá-la por escrito pelo excesso de velocidade e acabo aqui a história!”
Ao dirigir-me ao carro-patrulha, reparo que os gritos tinham cessado. Curioso, voltei a cabeça para onde a senhora deveria estar, mas ela já estava atrás de mim.
E ela, agarrando-me pelos ombros e abrindo muito os olhos, disse-me:
“SR.
GUARDA, PRECISO DE SI. E JÁ!”
E ela, agarrando-me pelos ombros e abrindo muito os olhos, disse-me:
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