Com
a chave que o Joaquim me tinha dado, abro a
porta do prédio, com o guarda Abel, já de arma na mão, a seguir-me de perto.
Tinha-lhe explicado que o meu namorado estava em perigo, e apenas
lhe omiti que tinha obtido essa “informação” através de um sonho. Acho que se tivesse dito isso, decerto seria eu a acompanhá-lo, à esquadra mais próxima….
Subimos
sem ruído os degraus até ao quarto andar, não recorrendo ao elevador, pois faria muito barulho.
O
guarda Abel ia à frente, de pistola em punho e com o cano virado para cima,
como nos filmes. Aliás, ele estava a parecer um bocado teatral. Mas como não tinha melhor, este teria de servir.
Eu
ia logo atrás dele, empurrando-o de vez em quando, pois ele, em vez de subir os
degraus de seguida, a cada esquina parava e olhava.
“Vá, ande
rápido!”, dizia-lhe eu, empurrando-lhe as costas e incitando-o para ir em frente. “O Joaquim está em perigo de morte!", sussurrava eu, com os nervos.
De
repente, o guarda Abel levanta a mão em sinal de paragem, e virando-se para trás,
pergunta: “Mas afinal o que é que vamos encontrar lá em cima?”
Olho
para ele com cara de poucos amigos e sem paciência para
parvoíces, digo-lhe “Não sei. Lá em cima veremos. E agora ande lá
depressa antes que se dê uma tragédia.”
Obviamente
a resposta não agradou ao guarda Abel que, com cara de incrédulo fez sinal para
que descêssemos as escadas.
Contrariada,
acedi e desci alguns degraus. Reparei que o guarda Abel tinha colocado a arma
no coldre e se tinha colocado ao meu lado.
Parecia
que o meu acto heróico se estava a desvanecer, e que tinha de contar a verdade
ao polícia.
E para começar, o melhor era ligar para o Joaquim para saber se ele estava ou não em perigo, ou
então se estava a dormir. Ou a curtir a noite.
Num repente, viro-me e subo as escadas rapidamente. ”PARE!” disse ele, em surdina. Mas eu não
parei…..