De vez em quando sinto-me envolvido numa grande neblina, que tudo cobre, tudo envolve, não me deixando nada ver para além de um palmo à frente do nariz. E por mais que lhe tente fugir, ela estará sempre por cima de mim. Como um urubu!
Dado
que não tenho nenhum farol que me alumie ou que emita sinais sonoros, avisando-me
de iminente colisão ou encalhamento, nestas ocasiões não me resta senão viver
de acordo com os marinheiros, ou seja, parado, aguardando que as nuvens baixas
se dissipem para poder seguir a minha viagem.
Ao
longo dos anos tenho aprendido que há sempre uma razão para tudo, há sempre um
motivo para que determinada situação se nos depare na vida, mesmo que não
desconfiemos qual é. Pelo menos nesse momento. E o nevoeiro não é excepção.
Tenho constatado que mesmo o que
parece muito negativo normalmente tem um lado positivo. E não em raras ocasiões em que me deparei com situações desesperantes, e descobri que mais não eram que portas para momentos de paz e, por incrível
que pareça, de felicidade.
Assim,
e nessa perspectiva de haver um lado positivo no que surge como negativo,
o nevoeiro traz-me, por exemplo, a vantagem de impedir que esteja demasiado exposto,
escondendo-me do escrutínio público, e de estar permanentemente disponível.
É
que se há alturas em que não me importo nada de estar sob os holofotes, outras
há que necessito de recolhimento, de introspecção, de maior intimidade. Ciclicamente
preciso de pensar na vida, no passado e principalmente no futuro, e no que realmente
quero.
O nevoeiro traz-me de volta a mim
mesmo….
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