Mas apesar de todos os meus esforços, cedo cheguei à conclusão
que os proveitos obtidos nas aulas de Yoga não chegavam para levar uma vida sossegada
em termos financeiros, e resolvi entrar para a Área de Recursos Humanos de uma
empresa.
A minha vida tornou-se um verdadeiro carrossel. Trabalho das 9h00
às 17h30 na empresa, seguido de aulas de Yoga até às 22h00. Depois e só depois
surge a minha vida pessoal.
Os meus alunos são felizmente bastantes, e os que vão ficando
começam a pertencer ao meu círculo, à minha família. Um desses alunos é a Sónia….
A Sónia apareceu na minha vida quando eu estava prestes a apaixonar-me
por um colega de trabalho. Apesar de estar a gostar cada vez mais da Sónia, não
o deixei de ver (e de nos relacionar….), mas confesso que a presença dela na
minha vida veio esmorecer um pouco esta minha outra relação.
Para evitar eventuais cenas de ciúmes, não falei de ninguém a
nenhum dos dois. Na verdade gosto muito dos dois, e ainda não tinha chegado a
altura de me decidir…..
Sei a história da Sónia por pequenos e soltos fragmentos que deixa
escapar de vez em quando. Que viveu com o namorado e que o deixou, mas no
entanto continua a partilhar a casa com ele. Quando olhei para ela para
manifestar a minha estranheza, desviou habilmente a conversa.
Um dia a Sónia veio-me contar que andava a sair com um tipo, mas jurou-me
que eram apenas copos e palhaçadas.
Mas apesar do que ela me disse (e do que eu andava a fazer com o
meu colega), fiquei completamente chocada, traída e ofendida!
Senti que tinha ficado completamente enciumada, mas imediatamente
o sentimento que prevaleceu foi o da preocupação – “Mas estarei mesmo a
sentir ciúmes pela Sónia!?”, questionei-me, aparvalhada. Acreditem que
fiquei a bater mal durante umas horas!
No fundo não queria era acreditar que tinha esse tipo de
sentimentos. Ainda tentei fingir naquela ocasião os meus sentimentos, mas acho
que foram demasiado evidentes….e reparei que ela notou e anotou tudo!
Depois daquele episódio, a Sónia nunca mais falou do tal “amigo”,
mas eu desconfiava que eles se encontravam com frequência. Na minha opinião,
com demasiada frequência!
Dias mais tarde, depois de jantarmos em minha casa, a Sónia pôs-se
a falar do ex-namorado: como se conheceram, como se amaram, como achou que
tinha de terminar tudo com ele… e como ela o mantêm bem perto dela!
Ela afirmou gostar ainda um bocadito dele, mas pela sua forma de
falar, acho que de uma forma bem perversa.
Descobri que a Sónia adora dominar completamente o seu ex.,
manipulá-lo e feri-lo até jorrar sangue. E depois recomeçar tudo de novo, vezes
sem conta.
O facto de ter terminado com ele e continuarem a morar na mesma
casa era apenas mais um cruel episódio de tortura.
Nessa noite fui levá-la a casa e fixei a morada. E no caminho de
volta a minha cabeça começou a trabalhar “Eu conheço esta morada!”.
(continua)
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