A palavra Linha
tem múltiplos significados. Pode querer dizer fio, troço ferroviário, marca na
palma das mãos, orientação religiosa, comunicação telefónica, entre muitos
outros.
É também bastante utilizada em expressões
idiomáticas e populares, entre elas o “andar na linha”, que significa caminhar numa direcção, sem fazer desvios potencialmente perigosos.
Exemplo é a indicação de seguir a linha azul num hospital: basta seguir a cor e vamos lá dar, sem enganos,
sem dúvidas.
Mas a linha pode funcionar ainda como barreira, como limite.
Se “andar na linha” é aquela que
temos de seguir pisando, a da barreira é aquela que não podemos (ou devemos)
ultrapassar sem incorrer em consequências.
Esta linha como barreira não aparece marcada no chão
quando caminhamos em direcção ao nosso destino, mas pode-nos ser lembrada, de
dedo em riste, como algo a evitar e a temer: “Não
te atrevas!”
É uma linha discreta, ténue, invisível aos nossos
olhos. Mas que decide tudo. É como o passar da luz para a escuridão!
Nas disciplinas dos saltos do atletismo temos o juiz de
pista que levanta a bandeira vermelha se vê o atleta a pisar a linha proibida.
Nos relacionamentos também existe essa figura. Mas pode-se ou não dizer que se levantou a bandeira vermelha, caso tenha visto a infracção
cometida.
A essa chamo Linha do Desconforto!
Não a vemos fisicamente. Também não tem cor,
forma, grossura ou textura. Mas caramba, como
se sente!
Se estivermos atentos conseguimos vê-la num qualquer casal
completamente desconhecido, apenas pelos sinais que constantemente emanam.
Vemos logo que algum deles, ou os dois, passou a linha do Desconforto.
E quando se passa connosco? Só não a vemos se
estivermos com os sentidos completamente desligados. É que basta ter um deles a
funcionar a meio gás para o sabermos inequivocamente.
Mal comparando, a sensação de ter sido passada a linha do Desconforto é semelhante a nossa Alma estar vestida com roupa inapropriada para o evento ou para a estação do ano, e sem possibilidades de a despir ou de a trocar!
E se a sensação no início é, no mínimo, como o nome
indica, desconfortável, rapidamente pode evoluir para algo ainda mais incómodo, e
mais, e mais, até se tornar
verdadeiramente insuportável para a vida a dois.
E é aí que a Linha
do Desconforto se torna a Linha do Fui……