A notícia
caiu que nem uma bomba e surgiu em todos os meios de comunicação social ao
mesmo tempo, num frenesim global!
A minha primeira
reacção foi “é treta de 1º de
Abril” e depois reparei que estamos em Junho.
Ainda pensei numa campanha da Rádio Comercial, mas rapidamente me lembrei que
hoje era o Dia do Animal de Estimação….
Foi só na
terceira que me dei conta com horror da fatalidade “O Mundo vai mesmo acabar amanhã!”
Nem pensei no facto de que eu próprio iria morrer…. e amanhã, juntamente com
o mundo!
Nessa altura já todas as pessoas seguiam por ordem os cinco passos da perda e do luto de
Kubler-Ross!
Falavam umas
para as outras frases de negação como “não,
pode ser!” ou “mas afinal quem é que
está a espalhar esta notícia?”
Logo a
seguir explodiu a raiva e procuravam os culpados! “Eles
é que fizeram isto!” e logo a seguir procuravam destruir fosse o que
fosse.
A fase da
negociação foi extremamente rápida, pois nada havia para oferecer, nem a quem,
por isso cedo cederam à depressão.
E como
zombies aceitaram a inevitabilidade e saíram todos à rua, enfrentando a luz, lívidos…..
E eu? Passei por todas as fases como todos os outros e também rapidamente me vi no meio da rua, sem ter noção
do tempo, sem ter noção de nada.
Assuntos pendentes
como ir aos Correios, levantar dinheiro ao
multibanco ou um almoço combinado ficaram esquecidos no cérebro…
Por todo o
lado via pessoas a caminharem de um lado para o outro, aturdidas, sem destino….
Outras ainda
conduziam desenfreadas, fugindo sabe-se lá para onde, sem respeitarem sinalizações
ou mesmo faixas de rodagem!
Já uma mole
de pessoas caminhava atrás de uma cruz numa procissão silenciosa. Brutal. Senti-me bastante tentado, mas por
qualquer razão segui caminho….
Sentia-se uma
tensão incrível por todo o lado. A
electricidade andava no ar, verdadeiramente palpável.
Com os
nervos à flor da pele, as pessoas agrediam-se umas às outras por nada e por
tudo, e por isso não me admirei nada a ver por todo o lado cachos de pessoas à
pancada ao estilo do Velho Oeste.
As pilhagens tinham rebentado por todo o
lado e tornou-se extremamente perigoso caminhar perto de prédios pois tudo caía
das janelas e das varandas. Mesmo tudo!
As redes de
telemóveis e de wifi não funcionavam, mas mesmo assim via os outros a olhar insistentemente
para os seus smartphones....
.... talvez na esperança que alguém ligasse ou escrevesse “afinal o Mundo não acaba amanhã!” ou “amo-te!”
Entretanto eu
já tinha um objectivo muito bem definido. E queria cumpri-lo, desse por onde
desse.
Queria estar com aqueles que amo! Nem que fosse a última vez… nem
que fosse a última vez….
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