O primeiro sentimento de que me lembro foi muito forte,
tão forte que perdurou pelos anos até hoje. Eu era muito pequeno e fiquei indignadíssimo!
Imaginem vocês eu ter tido uma ideia fenomenal, e sem
dizer nada a ninguém comecei a pô-la em prática. Quando os adultos se
aperceberam do que eu estava a fazer riram-se e disseram que não, que não podia
ser.
Os adultos não me trataram mal nem me desrespeitaram. Antes pelo contrário, acharam graça à iniciativa. Mas para mim a ideia era muito boa e por isso não
compreendi a razão porque me impediram de a por em prática. Ela era fantástica!
O facto de ter permanecido na memória este
sentimento de indignação (mas podia ter sido outro) leva-me a pensar que estes,
quando puros e verdadeiros, são extremamente fortes e perenes. Eles ajudaram-me a
formar a minha alma e a definir quem sou, passando a fazer parte de mim.
Os sentimentos ficam gravados para sempre no coração, e é por isso que me lembro tão bem deles e não tanto das memórias, sejam elas quais forem. Os sentimentos são (quase) tudo na vida, e é só com eles que ficarei, quando o resto se esvair.
Sei o que estão a pensar, e é claro que eu nunca vos
contarei o episódio com que iniciei o texto, pois iriam pensar como eu: “Que criancice!”
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