Como é sabido, os nossos corpos, mentalidades e sensações sofrem alterações substanciais ao longo das nossas vidas. Se esse facto é notório e visível no que respeita ao corpo, já a alteração das mentalidades e sensações é algo que tende a escapar mesmo a nós mesmos.
O meu cardápio foi durante muitos anos constituído por hidratos de carbono e proteínas. Dizendo melhor, massas, arroz e carne. Por mim o peixe podia ficar sossegado nas suas águas que se não me incomodasse, eu lhe faria o mesmo. A sopa também. De preferência a dar banho ao peixe....
A minha existência permaneceu assim alimentarmente estável e incorrupta.
bebidas de eleição sempre foram água, sumos, colas e cervejas premium. Claro que sabia da existência de "outras bebidas", consideradas mais nobres, mas por mais esforço que fizesse, não conseguia compreender o porquê da sua veneração, nem da existência de uma legião de adoradores.
Ao passar barreiras etárias, descubro com certo espanto que o meu palato estava a mudar. Já não exigia hambúrgueres e batatas fritas. Pior! Revoltava-se quando eu os impingia. À comida simples mandava-me passear. O meu palato estava pronto para a mudança. Eu não. Ainda.
O meu encontro com Baco surgiu, tal como algumas coisas na minha vida, bastante tardio.
Resumindo, com um grande amigo e após umas horas de trabalho, descubro que o melhor acompanhamento de umas pizzas congeladas era um simples.... JP Private Selection 2011, da afamada casa Bacalhôa. Isso dizia muito. Ou tudo.
Descobri aos poucos que vinho é cultura (acharia ridícula esta ideia há uns anos....), que é uma arte, que é uma ligação à terra, e que é, como ouvi no excelente filme Sideways (2004), "algo vivo".
Quem me conhece sabe perfeitamente que jamais faria apelo ao consumo de álcool.
Apenas faço um apelo a que libertemos as nossas sensações, deixando que nossas as papilas
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