Até finais
de 2019 a maioria das pessoas nunca tinha ouvido falar da palavra pandemia. Eu já sabia o que era, mas só de ler nos livros de história.
Nas descrições
da história da humanidade, há sempre menos referências às pandemias do que à vida dos poderosos.
Vê-se bem que
a doença, a fome e a morte das pessoas comuns nunca mereceu destaque, pois sempre foi a regra, nunca a exceção.
Tenho
atravessado esta pandemia de uma forma quase singular, pois tenho ido trabalhar
todos os dias, estando fisicamente no mesmo local de trabalho, a fingir que nada
se passa.
Ver a sala sem colegas, os edifícios desertos, os passeios sem pessoas e as
lojas e restaurantes encerrados, mexe comigo, e não há maneira de me habituar.
Confesso que
por vezes sinto-me, no meu local de trabalho despido de pessoas, como se fosse “o último homem na Terra”, e acreditem, não
é uma boa sensação…
Acredito que
as pessoas que estão fechadas em casa, por razões inversas às minhas, também
estão mexidas. E algumas, mesmo muito.
Pergunto-me
se os confinados estão desejosos de sair ou, inversamente, vão continuar com receio
de estar com outras pessoas.
Dizem que é para breve que vamos todos sair de casa, respirar sem máscara, viajar, abraçar e falar de outros assuntos.
O que não
dizem é que bastará um boato de que anda outro vírus a circular para que
todos se voltem a refugiar nas suas casas, em pânico.
É que se “gato escaldado de água fria tem medo”, os humanos são muito piores que os gatos.
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