Estou mais do que
atrasado para o meu primeiro primeiro encontro, tenho o telemóvel descarregado,
não tenho dinheiro na carteira, o automóvel está quase sem gasolina, não sei
bem onde o vou estacionar, nem conheço o local onde ela marcou o nosso primeiro
encontro.
Afinal, o que é que
poderia correr mal? Tenho tudo para que corra certo. Ou será que não?
Sou um tipo muito tímido,
e que me intimido com todo o tipo de mulheres, especialmente com as que são
muito belas. Só de pensar começo a tremer. E quando uma me olha fixamente,
fujo! Mas fujo mesmo, não só de olhar mas piro-me dali rapidamente.
Para piorar, a minha
genética não me facilitou nada. Se eu fosse um gajo giro, podia ser tímido à
vontade que elas vinham ter comigo. Como não sou, estou francamente lixado. Na
escola, nem as feias se queriam aproximar de mim. Foi duro. Mas agora tudo
mudou.
A minha sorte é que as
redes sociais facilitaram-me a vida. Assim, não preciso de andar por aí a ver
raparigas, a tentar falar com elas, como no tempo dos meus antepassados. Só
tenho de teclar, esperar que elas apareçam, e vou assim falando com umas e com
outras.
E foi assim que eu
conheci a Maria, moça de bom trato e de boas famílias, e que segundo ela nunca
teve namorado, apesar de já ter 26 anos. Bem, eu tenho 25 e também nunca tive
namorada nem perto disso. Nada de estranho para mim, portanto.
Pela placa, acabo de
chegar a Ranholas, localidade do concelho de Sintra, o meu destino final. Agora
só tenho de achar a Rua… Porra Chiça Merda. Esqueci-me do nome da rua. Começo a
suar muito, apesar de estar bastante frio. Ora aí está outra coisa de que me
esqueci. A outra foi do carregador do telemóvel para o automóvel, produto de
primeira necessidade, especialmente para quem tem, como eu, um telemóvel velho
e com a bateria viciada.
O meu carro por fim
farta-se e fina-se ali mesmo, mesmo a tempo de o conseguir encostar na borda do
passeio. Para uma pessoa distraída, parecia mesmo que estava a estacionar, mas
só eu e o meu automóvel é que sabíamos que ele tinha morrido ali. Mas isso era
coisa para me preocupar depois. Agora precisava mesmo é de encontrar a Maria.
Como Ranholas não é
grande, dou de caras com o Restaurante Kyonagi, local onde eu e a Maria
combinámos encontrar-nos. Cheio de estilo, entro como se fosse habitual na
casa. Mas o diabo é sujo e fez-me tropeçar na entrada e e na queda agarro-me às
ancas de um empregado. Para não perder o estilo, e naquela posição mesmo muito
estranha, pergunto ao empregado, de baixo para cima: “Sabe se a Maria já chegou?”
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