Como ondas nas rochas, sinto a Angústia a bater forte em mim. E perante tal
magnitude, limito-me a resistir o melhor que posso.
Estou sentado
numa rocha, em frente ao Mar a perder de vista, entretendo-se este a salpicar-me
com as suas gotículas salgadas.
Sinto que estou bem
onde estou, e por isso, bem comigo mesmo. Não conheço melhor sensação.
No
processo de viver o momento, tento remeter para o esquecimento o que já sofri, e sem querer antecipar o que ainda me falta sofrer. Bendita consciência e memória, que
a tanto me poupas.
Cai
a noite e olho sem interesse para as estrelas que começam a aparecer no
firmamento. Sei que possuo um universo bem maior, dentro da minha própria consciência.
Abandono
a rocha segura e o mar travesso, frustrado por não ter conseguido que uma única
gotícula de Angústia tenha saído dentro de mim.
Foi sem surpresa que a vejo, sentada
no areal. Ela esperava por mim, com um largo sorriso nos seus olhos.
Respondo com outro sorriso, e
agarrando-lhe a mão, aceito-a como companheira
da minha viagem. Juntos, unidos, até ao fim.