Fernanda foi viver sozinha na casa que era da sua avó, quando esta foi acolhida num lar.
Amarelinho surgiu pouco tempo depois,
pois é sabido que mulher que está só tem de ter um gato!
Magro e infeliz no
início, depressa se tornou o inverso, para gaudio da sua dona.
Quando encontrou o
seu “outro gato” esse também estava magro e infeliz.
Mas para felicidade
da “sua dona” permaneceu esbelto.
Demorou tempo até
esse novo “gato” esquecer os seus
males de amor.
Ele demorou mais
algum tempo até saber bem o que queria….. pelo menos dela…
O aspecto de Ricardo
era, ao mesmo tempo, uma bênção e uma maldição.
Bênção para Ricardo,
maldição para Nandinha.
É que se a beleza
fosse pecado, ele iria para o Inferno!
E como ela estava ciente
do perigo de o perder para as oferecidas…
Por vezes os seus gatos
desapareciam.
Um desaparecia pela
janela, quando esta ficava aberta, em dias de maior calor.
Era visto nos
telhados …. a ver as vistas. E a ver as gatas.
O outro gato desaparecia
pela porta, e não era preciso deixarem-na aberta.
Era visto na rua …. a
limpar as vistas. E a ver as gatas.
E como a Nandinha
sofria com os desaforos de ambos os seus gatos.
Não sei quantas vezes
chorou…. mas foram mais do que ela merecia.
Tempos passaram. E alguma
água correu sob as pontes….
Ela perdeu-o. Foi-se. Deixou de o ter.
É verdade. Todos o sabiam.
Nandinha perdeu finalmente
o medo … que tinha de perder Ricardo!
O Amarelinho foi-se
enroscar nas suas pernas. Ronronando, exigia festas, sendo o seu desejo
prontamente satisfeito.
De repente a porta
abriu-se, despertando-a dos seus pensamentos. Era o seu Ricardo….
“Olá Amor, fui-te comprar as
bolachinhas que tanto querias ontem e já não tínhamos….”
E o rosto dela
iluminou-se como uma Árvore de Natal….