Sinto
agora a Tristeza, alegremente, a
invadir a minha alma. Sinto-a a ocupar o lugar da Felicidade que,
envergonhada pela sua derrota, se retira para parte incerta. E se retira,
talvez, para nunca mais voltar.
Sinto
agora que todos os meus esforços e sacrifícios foram em vão. Terá valido a pena ter deixado de dizer o que sentia? Terá valido a pena ter
deixado de fazer o que queria?
Talvez
sim, pois permitiu manter a réstia de Felicidade
acesa por mais um dia, por mais uma hora, por mais um minuto. Talvez não, pois
permitiu que a sombra da Tristeza
assomasse mais um pouco, até cobrir todo o firmamento visível.
Mas
afinal de que queixo? Eu, que sempre considerei a Felicidade um estado de alma passageira e etérea, que num momento está real, forte, sólida, e no outro é apenas um rasto de
fumo esvoaçante, réstia do que foi instantes antes.
Sempre
vi a Felicidade tão fugidia como uma
gazela, que assoma à vida dos incautos apenas por uns breves momentos, e nada
mais. E quem a considera sua apenas a vê escoar-se pelos dedos, como
areia do mar.
Sempre
vi a Tristeza tão permanente como a
alma, que acompanha a vida dos serenos para sempre, e mais além. É um estado de
alma que soa e ecoa como uma balada ao luar numa qualquer
praia, acompanhada por umas quaisquer lágrimas fugidias.
Mas
não me queixo. Recuso-me. Abraço com força a Tristeza, e dela não prescindo nem prescindirei nunca
mais, pois ela é minha! Ela, que verdadeiramente nunca me abandonou, nem por um instante, pois eu é
que me esqueci dela, abraçando outra, que agora me deixa….
Bem-vinda
de volta, Tristeza
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