sexta-feira, 31 de março de 2017

EU SEI - ANDRÉ Capítulo II (2 de 5)


Abracei-o fortemente como manos que fomos e que talvez voltássemos a ser. “André, então, como é que é? Voltaste quando?”, atirei. “Ontem à noite”, respondeu-me no mesmo timbre jovial. “Já estava para vir há uns meses mas a minha mãe ficou pior da gota e fiquei mais uns tempos. Que tal estás tu?
Estivemos à conversa durante um bom bocado, e habilmente não tocámos no tema Lúcia! Mas notei claramente que ele queria muito saber dela.

No fundo ele estava mortinho por saber o que te acontecido ao seu grande amor. Notava nele tal curiosidade que o tornava inquietante. E inquietou-me a mim.
Soube então que inocente André tinha desaparecido de vez. E eu não sabia bem o que lhe tinha sucedido!
Só voltei a ver o André umas semanas mais tarde.
Entrei na florista do bairro e lá estava ele, a comprar um vistoso buquê de rosas vermelhas. O André estava todo janota e catita, e já não me parecia o mesmo do nosso reencontro.
Fiquei mesmo contente de o ver daquela forma, pois a impressão que fiquei dele no outro dia não augurava nada de bom. Só me lembrava dos seus olhos cansados de alma….
Agora não. Os olhos dele estavam radiantes como os de uma criança feliz. Meti-me com ele…. “Quem é a felizarda?
Ele olhou surpreendido por ouvir a minha voz, e disse num tom rápido “Ainda não sei se é ela a felizarda ou se sou eu!”, acompanhado de um sorriso de orelha a orelha. Estava feliz!
Fiquei contente por ele, pois tinha sabido que nos primeiros tempos desde que tinha regressado, André andou completamente obcecado à procura da Lúcia.
O André não tinha sabido nada da Lúcia durante estes anos todos, mas nem por um dia tinha deixado de pensar nela.
Mas ao regressar passou por um calvário para saber alguma coisa dela. Ninguém estava disposto a revelar fosse o que fosse, e o seu desespero crescia dia para dia.

Parecia que toda a gente tinha feito um pacto inquebrável de silêncio!
Mal ele sabia que efectivamente foi isso que aconteceu….
Rapidamente ele passou para o Plano B, e se não conseguia nada através dos contactos pessoais, dedicou-se aos telefónicos.

E assim, recorrendo às agendas antigas, começou a telefonar para toda a gente que podia, tentando resolver o quebra-cabeças.
E foi num desses telefonemas que algo sucedeu. André ligou para um telefone fixo e um jovem atendeu, bastante surpreendido por aquele telefone ter tocado.
André apresentou-se e explicou que pretendia falar com a D. Alzira, mas qual quê, a vetusta senhora estava acamada num lar, pelo que estava a falar com o seu sobrinho Tomás.

(continua)

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