segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

D. Luisa (2 de 2)



E nesse instante preciso começou a revolta!

As forças de segurança ficaram sem saber o que fazer, pois não sabiam se mantinham a população em segurança por causa da condução da D. Luisa ou se mantinham a D. Luisa em segurança por causa da revolta da população.

O Chefe telefonou ao Comandante, que alarmado desencadeou uma cadeia de contactos que subiu até chegar ao Ministro. Que ligou ao Costa….

Mas estás a falar de que Geringonça, meu?”, gritou exasperado o PM. Sem saber o que fazer, ligou à Catarina, pois eram oito e meia da noite e o Jerónimo já estava a dormir.

Oi Catarina. Tudo bem? E o que é que pensas fazer com esta situação? Perguntou Costa, ao que respondeu Catarina “Não sei. Mas eu e a Marisa e já passamos por aí…”

Sem se aperceber de nada do que se estava a passar, a D. Luisa chegou pela enésima vez à sua praceta, e ao vê-la completamente vazia, exclamou, toda contente “Assim sim! Até que enfim que encontro um lugar de estacionamento de jeito!

E lá enfiou o focinho do pobre veículo em cima do passeio, imobilizando-o apenas a uns míseros centímetros de o fazer baldar ribanceira abaixo. Até o seu automóvel respirou de alívio.

Nesse preciso momento a Catarina e a Marisa chegam a casa do Costa a tempo de assistirem através da televisão à derradeira manobra automobilística da D. Luisa.

E após os três respiraram fundo em uníssono, começaram a falar de outras geringonças, pois erradamente julgaram que toda esta situação já tinha passado.

Tinham passado poucos minutos quando a Marisa, tendo ido buscar uma bebida mais forte, verifica na televisão que a situação no local tinha mudado drasticamente.

Ó pessoal venham aqui ver isto, depressa!
Realmente o que um heli de um canal de notícias mostrava era digno de se ver!

Os populares tinham começado a sua marcha, e estavam a ser barrados pelos Comandos, pelo Rui Reininho (com os GNR) e até pelos Escuteiros, que aproveitaram para vender mais uns calendários e porta-chaves.

Na troca de palavras, insultos e vapor que se seguiu, a frustração e a indignação da população subiu tanto de tom que começaram a lançar cocktais molotov sobre as forças de segurança.

Mas em vez de arremessarem garrafas a arder, atiravam copos vazios de shot, pois o álcool está caro e não é para desperdiçar! E depois de o beberem todo e porque já não tinham mais nada para atirar, foram-se todos embora em direção ao Bairro Alto..... 

Entretanto a D. Luisa, alheia a todo o caos envolvente, encontrava-se deliciada, rodeada de jornalistas, relatando a agradável sensação de ter encontrado um lugar nesta cidade ingrata que não respeita os automobilistas inexperientes.

Nesse preciso instante começaram a chegar políticos por todo o lado, cada um deles a prometer mais do que o outro, aproveitando o facto da D. Luisa estar naquele momento sob as luzes da ribalta.

Era um a prometer-lhe um passe social vitalício, outro um lugar de garagem, outro mais lugares de estacionamento....

Mas quem ganhou de caras foi o Costa que acabado de chegar, lhe prometeu logo disponibilizar um dos seus motoristas particulares (neste caso um todo bem apessoado, conforme reparou logo a D. Luisa) para seu uso exclusivo e permanente…..

E todos nós festejámos rijamente quando a proposta foi aceite. Parecia que tinhamos ganho outra vez o Campeonato da Europa!

Deste modo este grande imbróglio, que poderia ter resultado numa feroz guerra civil, foi finalmente resolvido, e a contento de todos.….

Desculpem, eu disse “acabou”? Não. Não tinha ainda acabado. Não com esta “bela” solução.

É que nesse preciso instante e por todo o país, inúmeras senhoras, devidamente habilitadas a conduzir, mas sem o fazerem há décadas, começaram a tirar das carteiras as suas cartas de condução…….

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