Apesar de estar muito taralhoco do vinho e do violento choque, e sei lá mais do quê, Zé levantou a cabeça e viu a Karen (a tal que lhe estava a arrancar cabelos) a fitá-lo, e reparando nos olhos
cheios de ódio e de vingança da mulher, ele acagaçou-se de medo de tal maneira que se pôs em fuga, mas devagarinho, pois
uma das suas pernitas de alicate estava num estado bastante lastimoso.
Inger (a outra dinamarquesa) ainda estava caída em cima
da Carlinha segurança, que chorava não de dores, mas por ver que se tinha esbardalhado o telemóvel e do
Pokemon Dewgong ter fugido de susto, com toda aquela situação.
Entretanto o Zé tinha-se arrastado até à Rua da
Prata, onde se encontrava um ajuntamento de pessoas que
aguardavam pacientemente a sua vez para visitarem as Galerias Romanas de Lisboa. Dizendo “mano,
dá aí uma folguinha” esgueirou-se para dentro do buraco, situado entre os
carris da linha do eléctrico, sob os protestos dos que aguardavam na fila. Debalde, Zé
já lá estava dentro.
No meio do seu torpor alcoólico, o Zé pensou que aquilo era uma “entrada muito esquisita do metro” e pensou ir até à casa da prima que vive na Reboleira, escapulindo-se de vez
daquela gaja irritante.
Karen utilizou o mesmo método do Zé para passar à
frente das pessoas, com uns brutos “escuse me, escuse me”. Mas para seu azar o buraco de entrada era estreito demais para ela. Era como tentar meter o Rossio na Rua da
Betesga. Furiosa, ainda colocou a sua cabeçorra no buraco ainda a tempo de ver os pezinhos
do trengo a esgueirar-se, lá ao fundo.
Zé sentou-se um pouco e pensou “mas onde é que conheci
estas gajas?’”. Ora, ele conheceu-as onde gosta de as conhecer, num qualquer
restaurante do Bairro Alto. E depois foi o normal “I take the picture”, “smile,
smile” e “andem cá provar esta bela pomada” e foi num ápice que beberam umas cinco garrafas
de tinto Quinta da Bacalhoa num Wine Bar do Castelo. E depois?
"Bora lá conhecer Lisboa, girls!"
Pararam religiosamente em todos os pontos de
interesse… do bota abaixo, claro, que as vistas da cidade ficam muito mais
desanuviadas com vapores do álcool, e se o Zé gostava muito, elas ainda
mais! E lá prosseguiram colina abaixo até dar a filoxera ao perninhas de alicate, lá pelas ruas de Alfama, e tudo se
descontrolar.
Ao verem o que estava a acontecer, os guardas
das Galerias Romanas pegaram no Zé pelos colarinho e arrastaram-no cá para
fora, para contentamento principalmente da Karen, que ficou a esfregar as mãos de contente, antecipando a "trepa" que ia dar no coiro daquele desgraçado!
Zé, que entretanto tinha adormecido nas Galerias
Romanas, só se apercebeu que estava “cá fora” ao sentir uma brisa na cara, e ao abrir lentamente a pestana deu de caras com os olhos tresloucados da
dinamarquesa, e dando um gritinho um tanto ou quanto suspeito, caiu para trás...
(continua)
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