sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O Dragão Adormecido


Subo uma colina para poder apreciar o espectáculo do pôr-do-sol a mergulhar no oceano, deixando um rasto de obscuridade crescente. Imagino os nossos antepassados com medo que o Sol engolido pelas trevas, não voltasse a aparecer.
Actualmente consideramos completamente disparatado esse temor ancestral. Afinal, tornámo-nos todos muito sapientes e racionais….
Mas o que observo é que continuamos a ter comportamentos semelhantes aos nossos antepassados em termos de Medo do Desconhecido. Só mudou mesmo o que continuamos a desconhecer.
Carregamos ainda o receio que aconteça algo de menos bom e que a nossa vida não volte a ser a mesma. E tememos muito mais pelos nossos do que por nós próprios, sendo esse sentimento intrínseco à nossa natureza humana.
Os nossos maiores medos escondem-se nas profundezas do coração. Quanto maior for o temor mais profundo se encontra, e menos referido é. Vulgarmente não falamos ou pensamos nele para “não o chamar”, como se tratasse de um dragão adormecido que acordasse se ouvisse o seu nome.
Se bem se lembram, na saga “Harry Potter”, os personagens referiam-se ao Lord Voldemort como “aquele cujo nome não deve ser pronunciado”, e mesmo assim em surdina. E nós procedemos assim relativamente aos nossos maiores medos.
Afinal não devemos ser tão racionais como julgamos e queremos. Sempre são milhares de anos de património genético, cultural e principalmente supersticioso acumulado em cada um de nós, e que não podemos ignorar. E nem devemos, mesmo que na realidade nem saibamos porquê.
É que a racionalidade tem o limite que cada um de nós quer e bem entende. E desta forma sempre iremos temer o desconhecido e o imprevisível, seja ele qual for.
Afinal de contas, o que não queremos é que o nosso dragão adormecido acorde.…. e termino agora porque nem quero falar mais deste assunto….

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