quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Condicionados




Todos nós nascemos, vivemos e morremos condicionados.

Podemos viver a vida inteira sem nos apercebermos da nossa condição de condicionado pelo simples facto de nunca termos sequer pensado no assunto.

Nascemos e passamos os primeiros tempos das nossas vidas descondicionados, mas a condicionar outros.

Começamos a ser condicionados, contra a nossa vontade diga-se desde tenra idade. Comida, dormida, asseio, linguagem, tudo nos é regulado gradualmente.

Na juventude ficamos irremediavelmente condicionados pelos amigos. Ironicamente, é a altura da vida que julgamos ter mais liberdade.

Só quase no ocaso da vida é que começamos a libertar-nos de alguns condicionalismos, porque nos apercebemos deles pela sua inutilidade.

A sociedade é sempre o principal condicionador. Nesta está incluída a religião fenómeno social e não religioso.

É o condicionalismo que mantêm a ordem e a coesão social, dirão alguns. Sem ele, dizem, seria a anarquia e regrediríamos ao nível da barbárie.

O aceitar estar condicionado é principalmente uma forma de estar. Basicamente é o aceitar regras e normas impostas por outros sem nos consultarem.

Nós escolhemos os políticos que julgamos mais capazes de condicionarem a sociedade com as “nossas” normas.

O não cumprimento dos condicionalismos leva rapidamente ao ostracismo e ao isolamento social, e que pode não ser revertido mesmo retomando as regras novamente.

A maior parte da nossa vida é passada ao lado de pessoas que pensam e agem como nós. Será que alguma vez pensámos se deveremos continuar assim ou se deveríamos alterar esta forma de estar?

Já alguma vez nos questionámos sobre o modo como fazemos, pensamos e falamos, como se tivéssemos sido programados?

Já alguma vez pensámos nos nossos próprios condicionalismos?

Já alguma vez pensámos como seria se nos libertássemos de um ou outro condicionalismo?

Pagar as contas é um condicionalismo necessário. Guiar pela direita em Portugal é outro imprescindível. E há muitos mais que nem notamos por serem tão naturais como respirar. Não sou apologista da plena liberdade, amor livre ou anarquia, por exemplo.

Mas sou apologista de que pensemos. Devemos pensar com clareza e por nós mesmos.

Pensemos nas coisas que nunca fizemos porque “pode parecer mal”, pensemos no tempo perdido, nas oportunidades desperdiçadas, no quase, no ano que vem vou fazer, no que diria a minha família, no que tio, na prima, na vizinha, no tempo que já não volta, no não faço isso que faz mal, que tenho vergonha, que é longe, que é muito perto, que está a chover, que está calor.

Pensemos é no resto da nossa vida, livro em branco o qual temos de preencher da melhor forma possível!

Pensa, Imagina e Liberta-te! Verás que viverás melhor.




 

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Quero-te?!


Mas…. Sabes o que queres!? Ou não!? Não há meio-termo.

Para saberes o que queres deves antes saber o que não queres!

Para saberes o que não queres deves ter certezas!

Para teres certezas deves ter um passado!

Para teres um passado deves ter a experiência real!

Entre experiências reais, períodos de reflexão, de reclusão, de libertação, de avanços e recuos, de situações de paixão ou ódio, polvilhados com indiferença ou deixa-andar, ou te despachas ou arriscas-te a terminar a tua viagem sem sequer teres descoberto “o que queres”. E se queres, ou não….!!??







 

http://xabiverde.blogspot.com/2015/08/quero-te.html




quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A Origem das Palavras I


 


A criancinha chega perto dos pais com uma gigantesca cara de safado e confessa: fiz meda. O pai, professor de português de profissão, corrige-o logo: “não digas que fizeste meda, tens de pronunciar o R. Diz lá agora forma correcta”. A mãe, já com cara de quem se está a passar (novamente) com o pai diz: “filho, não se diz merda, diz-se caca. Mas que fizeste tu?
Como sabemos esta ficcionada história é muito habitual nos nossos lares. Invariavelmente a educação portuguesa tenta adiar ao máximo possível a utilização de asneiras e asneirolas por parte da pequenada, e dado o termo “merda” ser dos primeiros a surgir, normalmente é substituído por caca, talvez por ser mais fofo, mais carinhoso ou mais cheiroso, digamos.

Mas de onde terá vindo esse termo: caca? Até hoje nunca me tinha questionado sobre a sua origem. Mas talvez se tenha perdido nos tempos. Ou não.
Será originária de alguma região de Portugal? Analisando a frio parece-me que não. Talvez tenha vindo do estrangeiro, seguindo algum séquito real? Sigamos essa pista, recorrendo às novas tecnologias.

Colocando “merda” no Google Tradutor, verificamos que no espanhol / castelhano é como sabemos mierda, no francês merde (adoro ouvir o termo vindo da boca de uma francesa enervada) e no galego, catalão e italiano é merda. Assim mesmo, tal como a nossa.
Mas nada de caca. O mistério permanece…

Não estou satisfeito nem convencido. Tentemos outra vez. Nas línguas de países mais distantes e com línguas não latinas é escusado, pois saem palavrões incompreensíveis.
Vejamos agora naquela língua tão próxima em distância e no entanto tão longe de nós. Tão fácil para todos de utilizar que os próprios falantes contam que “quando Deus quis castigar o Diabo pelas suas tropelias o pôs a aprender Basco durante 3 anos!”

 


Sucesso! Merda em Basco é Kaka!


Está portanto descoberta a origem do termo alternativo e fofinho à merda nacional.
Realmente Kaka é muito mais cool. Estes Bascos são mesmo elegantes.

E afinal as mamãs e os papás portugueses querem é ensinar Basco aos seus filhos e eu nem sequer imaginava. Estão mesmo muito à frente.
Benditos sejam estes progenitores! Ou como dizem os Bascos “horietako pozik nago”.



quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A História a Preto e Branco


Todos nós aprendemos na escola que ao chegarem à Península Ibérica, os Celtas - povo do centro da Europa - encontraram os Iberos - povo proveniente do norte de África, e rapidamente se tornaram amigos e aliados. Mais. Da sua miscigenação resultaram os Celtiberos - base rácica da população ibérica.

Confesso que nunca acreditei muito nessa teoria. Soou-me sempre a propaganda dos anos 30 e 40 do século XX, pelo toque de povo escolhido. Aliás, esses anos foram férteis em situações dessas. Todos os povos eram especiais e únicos, e os seus líderes escolhidos por Deus. Isto não aconteceu só na Península Ibérica mas por todo o Mundo, em que a história era recontada vezes sem conta, sempre adequada ao momento político. Era a história ao serviço do poder vigente.
 
Estaline foi um mestre na arte de reescrever a história. Os seus antigos aliados políticos caídos em desgraça eram retirados dos livros de história e das referências escritas, fotográficas ou de filme. Ninguém poderia voltar a falar deles. Era como nunca tivessem sequer existido

No seu livro “1984” George Orwell retractou de uma forma magistral a necessidade das ditaduras de reescreverem a história. Neste livro as potências vizinhas, conforme fossem aliadas ou inimigas, eram representadas como anjos ou como demónios. Se a situação se alterasse, ou seja, se a potência aliada passasse a inimiga, o passado era reescrito de acordo com a nova situação. O anjo caído era agora um demónio. Os que eram povos irmãos até aquele dia tornavam-se inimigos desde sempre. Era o branco e o preto. Não havia cinzento.
 
Os Estados Unidos e Cuba estão agora mesmo a reescrever as suas respectivas histórias. Os americanos estão decerto a suavizar as frases sobre Cuba nos livros de história, de forma a que o antigo “feroz ditador Fidel Castro” seja agora retratado como um homem apenas ligeiramente obstinado. Politicamente convém não afrontar o ditador que seguiu a Fidel: o seu irmão Raúl.

Decerto que para os verdadeiros revolucionários cubanos (e um pouco por toda a América do Sul) também lhes soará mal a nova situação. Sem mais nem menos, o antigo “Grande Satã americano”, eterno inimigo da revolução castrista, abre embaixada em Havana. Como estarão a ser alteradas nos livros de história cubana situações como a Baía dos Porcos e Guantanamo? E qual será agora o novo inimigo da revolução cubana?

Li algures que Fidel Castro fez há uns anos uma profecia, referindo-se decerto ao impossível: “Cuba e os Estados Unidos só se aproximarão quando houver um Papa for sul-americano e os EUA tiverem um presidente negro.” E não é que o homem acertou?

Na minha opinião, esquisito mesmo é ver um líder de um regime comunista ter o dom de premonição!


 


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O Sonho

Um sonho é um sonho! Seja ele qual for.

O meu seria poder visitar o Japão de uma ponta à outra, desde o norte gelado às ilhas subtropicais do sul. Porém, para usufruir desse sonho (para além da vertente económica, claro), necessitava de conhecer bem a língua nativa. E como dou razão ao velho ditado “burro velho não aprende línguas”, nem me vou dar ao trabalho de pedir o passaporte.

Analisemos o sonho. É algo precioso e mimoso, mas por outro lado é forte e durável. É algo pessoal, íntimo.

O sonho é como uma paixão. Corrijo. O sonho é uma paixão! Na nossa vida devemos ter tantos sonhos como paixões. Ou seja, poucos. São ambos explosivos e inebriantes.

Mas ao contrário da paixão que desaparece passados uns meses, um sonho na vertente da duração é como o amor, pois vai ficando, e acompanha nos bons e nos maus momentos da nossa vida.

O sonho é portanto o melhor dos dois mundos. Reúne os aspectos positivos da paixão e do amor. E eu não consigo encontrar mais nada que tenha estas características, ao mesmo tempo intenso e perene.

E tu? Já tens o teu?

Bem, agora a sério. Se souberes de algum método de aprender japonês daqueles muito fáceis avisa que eu vou já tratar do passaporte!